quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Paulo São

Fico a flertar Sampa, ela é um tanto ingrata. De sã nada tem, a não ser o nome. E em meio à loucura de seus caminhos, a rudeza de teu traço marcante, ofego, suspiro segurando o gozo profano.
Desvairada sigo seus passos, às vezes ouso e sambo contigo no meio de uma bodega qualquer, e olha que nem sei dançar.
O paradoxo de suas possibilidades me deixa ora noviça ora rebelde. Em suas casas noturnas amanheço. Encontro pela madrugada uma moça de cabelo rosa ensaiando um salto ornamental nos trilhos do metrô, deixo-a exercer seu livre arbítrio, cada um segue o caminho que acha melhor, se ela deseja ir pelos trilhos, lá vou eu pelas escadas rolantes.
Quando em casa chego fico feliz ao ver o nascer do sol, pego um pão na padaria do lado da oficina, cumprimento no elevador a senhora com o cachorrinho do 2º andar, deito no sofá e sorrio satisfeita lembrando das amizades conquistas, do nordestino que conheci tomando cachaça ou da namorada da Nanda a cantora do bar onde passei a noite.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Rosa



“Quando em dias de vento ela se desnuda
Ou em dias de seca ela se contrai

Quando se delícia com as gotas de chuva
Ou na escuridão da noite se cala

Quando ela desperta em mim o querer
Ou me faz roubar-te em pétalas ... a culpa é somente dela por ser assim tão bela”

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O que fazer???



"Pegou-me a mão
Disse-me que há muito me amava
e sorriu encabulada...

Rodopiou na pista,
e voltou faceira
mordendo-me a beira...

Calou-me com um beijo
Despiu-se afobada
e adormeceu... heim!? Adormeceu???! "

P.P., 06 de novembro de 2007.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Um tanto complexo...

"Erro a senha do banco
Perco o ônibus
Nâo sei se amanheço
Nem sei como cheguei...

Deixo-te à pouco,
assim como um louco
beijei-te a boca
e mal me vês...

Talvez creia no indivíduo,
no óbvio,
no presente,
no concreto...

Talvez creia no sonho,
nos sentidos,
no frio que percorre a espinha,
e no ardor do desejo...

Talvez eu seja assim,
um tanto de mim,
no vácuo
e no cheiro de jasmim...

Quem sabe a volúpia dos meus beijos,
o carinho dos meus toques,
meu susurro,
seja um grito mudo...

Quem sabe a falta dos meus óculos,
a distância do meu ser,
não me deixe ver
um pouco de você...

Assim, sem razão,
o calor do meu corpo,
aquece outros,
e arde em calor.

Assim, a vida pulsante
aflora a necessidade de minha pele
às vezes sem poesia,
e mesmo assim nos dá alegria..."

domingo, 4 de novembro de 2007

"No dia em que vim-me embora..."



“Chegamos lá num dia chuvoso. A ansiedade era tanta, que chuva não nos impediu de ocupar aquele novo mundo. Recordo-me bem que hesitara antes o fato de mudarmos de cidade, dizia veemente: “Só saio daqui amarrada!”. Era a primeira mudança de minha pacata vida, pelo menos uma mudança consciente, pois a primeira eu era muito nova para expressar meus sentimentos.

Deixar a cidade onde nasci e vivi 11 ou 12 anos era pra mim inimaginável. Eu tinha o Muca, uma Croizinha e o meu beco sem saída. Vê-se que não era muita coisa o que me prendia lá, é, talvez os 12 anos que eu imaginava deixar para trás.

Mesmo com o céu desabando, a nova casa nos acolhia. Tinha um belo jardim e janelas grandes. Encantava-me tanta harmonia, suas formas horizontais conjugada com a proximidade da natureza. Quantas vezes naquela sala ficávamos aflitos vendo o desespero dos beija-flores quando entravam e não encontravam a saída. Eles batiam com a cabeça na parede, nos vidros, e não percebiam que a liberdade estava um pouco mais abaixo, era só ter paciência.

Hoje dez anos depois, o dia também era chuvoso. O jardim era ainda mais encantador, minha mãe plantou muitas arvores e flores que hoje reinam exuberantes e acolhem os pardais, os beija-flores, as maritacas, e por incrível que pareça justo neste fim de semana recebemos a visita de um tucano. Bem que escutei uma conversa diferente no pé de limão, eles conversavam tanto que não me deixaram dormir.

Organizar os livros, selecionar os cds, arrumar minha mala, beber umas nos Pouso da Garça acabaram por ser uma fuga. Não andei pelo jardim, pouco mirei o céu que sempre me encantou, não nadei no rio, deixei de encontrar alguns amigos, visitar algumas casas que era praxe quando eu ia pra Teodoro. Brinquei um pouco com o Betolven (é ele ficará, assim como nossa casa, nosso jardim, nossa mesa de pedra). Fazer o trivial me feria. Andar descalça naquela grama ou fitar o céu era algo como tirar-me a pele.

Nessa nova mudança não expressei minha opinião. E se alguém me questionasse eu iria apoiá-la certamente. Agora as perdas seriam maiores. Não tinha mais uma bicicleta, um beco e um amigo. Tinha um rio, um morro, um céu estonteante e o jardim. A sensação de não mais vê-los com freqüência me dói o peito.

Sei que as amizades que conquistei e que me cativaram ainda permanecerão mesmo que distantes, assim como foi com o Muca. Não temo mais os quilômetros, o tempo, as coisas que ficaram. A minha história, os momentos bons que passei naquela terra, naquela casa, os aprendizados, esses sim, caminham comigo pra onde quer que eu vá. Terei comigo as madrugadas, os tererés, as longas prosas. Terei comigo os sorriso dos amigos que me marcaram tão profundamente. Terei o mesmo compromisso com o meu povo, que nasceu naquelas bandas.

Perdoe-me os amigos que não abracei, que não me despedi, creiam, os meus sentimentos transbordariam e faria de um momento alegre algo doloroso.

Deixo aqui meu beijo grato e fraterno a todos aqueles que nestes dez anos conviveram comigo e com minha família. Minha nova casa não terá jardim, nem beija-flores, não dá pra ver o rio e nem o morro, o céu de lá é um tanto rosado, mas saibam que os sentimentos, as crenças e a felicidade ao ver chegar um velho amigo serão as mesmas.”


Caminhos me Levem
Almir Sater
Composição: Almir Sater e Paulo Simões

"Amanhã bem de manhã
Vou sair caminhando ao léu
Só vou seguir na direção
De uma estrela que eu vi no céu
Pra que fingir que não devo ir
Caminhos me levem
Aonde quizerem
Se meus pés disserem que sim

Vejo alguém seguindo além
Eu aceno com meu chapéu
Pois tanto faz de onde ele vem
Pode ser algum menestrel
Que vai e vem, sempre
Sem ninguém
Caminhos te levem, aonde puderem
Se teus pés quizerem assim

Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas tente compreender minhas razões

Já faz um tempo
Em que eu vivi
Feito linha de um carretel
Olhei em volta então me vi
Prisioneiro de um anel
Não resisti
Foi bem melhor partir
Perigos me esperam
Abrigos não quero
Que meus pés decidam
Por mim

Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas é nosso dever fazer canções"

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Tropa Para a Elite

"Meu tempo anda em descompasso com o tempo do mundo,
quando embalo nessa rumba caliente
numa fração de segundos, esse passo da gente, perde o rumo
e não titubeio em pisar-lhe o pé
deixando minha marca muda
em seu sapato de veludo...

Quando penso em aceitar seus gracejos,
e levar na brincadeira a arrogância de sua gente,
quando dizem-me: "Esse é o natural"
Logo insurjo-me contra o coro,
quando vejo um garoto sendo asfixiado por um saco plástico
ou uma mãe querendo enterrar o filho...

NÃO!
Não vou rir quando assistir tortura!
Não vou rir quando assistir violência!
Não vou rir com a corrupção!

Que esquizofrenia é essa???

Não é bizarro o sofrimento.

A cada dia que passa, aplicam em nossas veias altas doses de conformismo,
de naturalidade.

Há pessoas que pede a ajuda do "Capitão Nascimento",
classifica como "bandidos" os pretos pobres,
como se estes não fossem seres humanos,
não tivessem direito à sua integridade física, moral,
e à sua própria vida.

Faço essa reflexão, pois dias após o lançamento do filme "Tropa para a Elite",
no Jornal Nacional passou a imagem de um helicóptero
atirando à queima roupa em dois meninos que corriam morro à baixo.
E todos viram isso e acharam "natural"...
Não era ficção!

Eram pessoas assim como eu,
assim como tu,
não se deixe enganar
reflita...”

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Rompendo o silêncio...

“Ela que me foi imposta
Que por toda vida me castrou
... me reprimiu
... me culpou
... me coagiu

Ela que me fez acreditar
No menor
Na inferioridade
Na impotência
que me calou

Hoje ela não me exclui
Não me diminui
Ela é dos outros
De uma pequena minoria
Que dita a exclusão com ousadia

Elaa me faz amar quem sou
E amar quem eu bem entenda
Compreenda!
Compreenda!

Elaa não faz mal a outrem
Não fere ou
Interfere
Elaa é minha e de mais ninguém

Elaa que sussurra
Que desassossega
Que me faz ser melhor
Que me faz ser quem sou

Elaa sem máscaras
Sem pudor
É ainda mais linda
Assim, por ser só minha...”

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Aos que vão nascer...

É verdade, vivo em tempo de trevas
É insensata toda a palavra ingénua. Uma testa lisa
Revela insensibilidade. Os que riem
Riem porque ainda não receberam
A terrível notícia.

Que tempos são estes!
Uma conversa sobre as árvores é quase um crime
Porque traz em si um silêncio sobre tanta monstruosidade.

(...)

Dizem-me : come e bebe! Agradece por teres o que tens!
Mas como posso eu comer e beber quando
Roubo ao faminto o que como e
O meu copo de água falta a quem morre de sede?

Apesar disso eu como e bebo!

Também eu gostaria de ter sabedoria.
Nos velhos livros está escrito o que é ser sábio:
Retirar-se das querelas do mundo e passar
Este breve tempo sem medo.
E também viver sem violência
Pagar o mal como o bem
Não realizar os desejos, mas esquecê-los.
Ser sábio é isto.
E eu nada disso sei fazer!

É verdade, vivo em tempo de trevas!...

(...)

Vós, que surgireis do dilúvio
Em que nos afundámos
Quando falardes das nossas fraquezas
Lembrai-vos
Também do tempo de trevas
A que escapastes.

Pois nós, que mudamos mais vezes de país que de sapatos
Atravessámos as guerras (...), desesperados
Ao ver só injustiça e não revolta!

E afinal sabemos:
(...)
Também a cólera contra a injustiça
Torna a voz rouca. Ah, nós
Que queríamos desbravar o terreno para a amabilidade
Não soubemos afinal ser amáveis.

Mas vós, quando chegar a hora
De o homem ajudar o homem
Lembrai-vos de nós
Com indulgência...”

Bertolt Brecht

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Papel de um militante apaixonado...

Era sábado, já nem sabia mais o parar dos ponteiros, quando me dei conta que passava das 23hs e havia saído de casa às 15. Não havia notado o tempo passar. A prosa era boa e a companhia também. Refletíamos sobre a necessidade dos povos serem os detentores de sua história, estes, já eram os que faziam a história, porém não a contava. O pecado é reiterado diariamente, não basta o aprendizado que possuímos quando vemos a história dos negros sendo contada e deturpada por brancos e ainda não nos preocupamos. E assim, o assunto foi tomando corpo.

Hoje, neste domingo belamente cinzento e chuvoso fique a pensar na noite passada. E me recordei das paixões que já tive. Quantas vezes desejei, planejei, fiz juras de amor, vi uma vida em comum, com amigos em comum, jantares, surpresas, discussões, porém, nunca declarei meu interesse, nunca exteriorizei meus sentimentos e planos!

Talvez, eu poderia ter vivido todas essas situações imaginadas, mas, não o fiz. E minha paixão jamais soube de minhas intenções, quem sabe até sentia o mesmo?!

A necessidade de se dar corpo a uma idéia, a um sentimento, ou até mesmo aos fatos que aconteceram é materialização de uma verdade. Se não dermos nossa versão, a nossa contribuição com a história, seja ela de nossa vida pessoal ou da luta dos povos, a verdade será distorcida, as conquistas serão parciais ou inexistentes.

Apropriemos-nos então da pesquisa cientifica, da constatação dos fatos e dos sentimentos e o coloquemos no papel. Gritemos aos quatro cantos do mundo nossas faceirices, nossa arte, nossa luta, nosso amor...



P.P., 22 de outubro de 2007.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O "super ego" no Tribunal do Juri...

Embriagada pela liberdade de Simone, que deixa em crise minhas crenças e minha existência, eu conversava com Kamila sobre uma das passagens do livro “A força da Idade”. Como outras afinidades que nos aproxima, concordávamos com Simone que via com desconfiança e discordância as palavras de Cocteau que dizia:

“O poeta deve ignorar o século, permanecer indiferente às loucuras da guerra e da política: eles nos chateiam.”

Nesse sentido Kamila dizia que em nossa vida precisamos de emoções para “quebrar o silêncio”. Não dá para distancia-la da realidade como pretende Cocteau. Achei interessante sua colocação e resolvi escrever esse texto logo mais baixo.


“Na vida já ditada
Onde os caminhos foram trilhados
O passo perde a razão
Como é que se vive sem emoção?

Da esperança e do medo
De um futuro obscuro
Faço um filho e movo o mundo
Com maestria e canção

Deixo lá o meu lamento
Trago cá o instrumento
Que faz da vida
Uma apresentação

Quero a inquietude dos 20 e poucos anos
E me surpreender com seu grito rouco, louco
Que me quebras o silêncio
Nessa noite em solidão”


Termino esse texto com uma confissão e promessa.
Confesso que quando pensei em ter um blogger, este me serviria para não discutir as coisas sérias, pois a realidade já me bastava em amarguras. Iria aqui apenas apresentar os retratos de minha vida diária, ligada apenas aos meus conflitos pessoais, íntimos e que eu achava que merecia certo destaque. Era uma forma de refletir (meu divã) e compartilhar com quem quer que fosse esses pensamentos, além de exercitar a escrita. E hoje vejo que minhas contradições estão ligadas em boa parte com as contradições da sociedade e dessa não tenho como fugir ou omitir seus pré-conceitos e opressões, deixando de olha-la criticamente. Assim, pretendo não mais refugiar-me na minha interioridade, quero relaciona-las com o tempo em que vivo. E a promessa consiste em fazer isso nos próximos textos. Isso não quer dizer que abandonarei o sentimentalismo, mas sim, que o aproximarei das coisas mundanas.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Ah o amor!

Se me perguntarem o que é caviar terei de usar a celebre frase do Zeca Pagodinho “nunca vi nem comi eu só ouço falar”. Mas, se me perguntarem o que é o amor, comer eu nunca comi, mas já vi, li e escutei muito sobre este enigma. De vez em quando me ponho a criar teorias mirabolantes sobre este sentimento, e isso espanta alguns que já meio tontos por conta do horário e da cachaça não agüentam o baque do monólogo que apresento tão entusiasmadamente.

Neste momento as palavras já saem com defeito de fábrica, mais balbuciadas do que pronunciadas de fato. O olhar pequeno, mais do que já é, completamente cerrados denunciam o alto índice de embriaguez. Isso tudo dá um ar mais engraçado ao papo que pra mim é tão profundo. É sério sinto-me como o Lula falando da sua vida de presidente, é um tanto bizarro. Se um dia me encontrar na mesa de um buteco, sorrindo e falando de amor, corra e chame a ambulância é caso de internação (psiquiátrica é claro).

Foi o meu encanto por este tema e o encontro com uma linda história que me motivaram a escrever esse texto. E é ela que relatarei aqui (detalhe, a história não é minha, mas é verídica... E quanto a minha história de amor ela será contada daqui alguns anos num livro que escreverei em parceria).


“Ela já havia me falado dele e sempre enfática afirmava “me casarei com ele”. Eu não dava bolas, meu lado autista não dava créditos a um caso tão distante, tão idealizado. E o tempo passou mais desencontros do que encontros entre eles.

Quando se viam ficavam na ânsia de sentir um toque, mas, não se tocavam. A expectativa de um novo encontro a deixava nervosa, e seu olhar que tanto desejara os dele se desviava com o medo de se desvendarem ali todos os seus sentimentos e seus sonhos de uma vida em comum.

Já cansada de só esperar, de só desejar, de ter dele mensagens sem contexto, de palavras inexatas, de promessas subentendidas, resolveu aceitar aos convites existentes de um admirador que há tempos investia na conquista de sua atenção.

Essa nova relação a fez sentir-se segura, um pouco desprendida daquele sentimento que a deixava em cárcere.

E mais uma vez o reencontro seria inevitável e ela o queria por mais que soubesse que sairia desnorteada daquela situação. Seus encontros com ele sempre a deixara sem rumo, sem norte, sem chão, sem ar... E com ele se encontrou.

Conversaram horas, lado a lado como era de costume. Ela se monstrava indiferente, mas, seus olhos continuavam a mirar o chão. E ele empolgado por estar ao seu lado, não resistia, tocava-lhe sem querer a coxa, a fitava e passava horas com o pensamento em Budapeste.

Até que não resistindo ela o questionou:
- “Onde você está neste momento? Em que tanto pensa???”
Depois de alguns segundos que pareciam horas... ele gaguejou... fraquejou e disse o que lhe parecia apropriado.
- “Em nada”.
E ela envolta de uma força que não lhe era comum, insistiu:
_ “Você tem medo de mim”
Neste instante seu sangue voltou a lhe percorrer a face e num impulso se aproximou ainda mais dela...
_ “Você ainda acha que tenho medo de você?”
Ela emudeceu... e ele se aproximou mais...
- “Você ainda acha que tenho medo de você?”
Agora escondendo suas mãos para que ele não as tocasse e descobrisse o tanto que tremia... Balançou levemente a cabeça, em sentido negativo, como uma criança assustada quando o pai lhe pressiona para saber se andou cabulando aula. Depois disso só pode sentir lábios úmidos e doces encostando levemente nos seus. Ela sorriu com graça e se deixou levar por aqueles braços que sabia serem seus.”


Dedico à você Kelly essas singelas palavras.

P.P., 16 de outubro de 2007.

Paloma

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Ah promessa danada, ah promessa sem jeito!!

Incubiram-me a tarefa de escrever um texto e posta-lo aqui. Nunca fiz um texto por encomenda, estes sempre foram espontâneos, rasgaram a placenta violentamente para nascer e se impunham incontestavelmente a mim.

Num primeiro momento a proposta me soara um tanto desconcertante. Sentia-me como uma prostituta das palavras (como todo respeito aos profissionais do sexo), vendendo sentimentos, os "meus" sentimentos, a minha rima, minha causalidade, meus termos e os trágicos "erros do meu português ruim".

O que mais me angustiava é que fui precursora da proposta indecente. Pedi que me escrevessem um texto. Isso vem do meu encanto pelas palavras, dos prazeres e excitações que elas me proporcionam. É algo vicioso e mexe com minha libido.

Vi o mal que havia cometido... "como meu Deus impus a alguém algo tão pessoal???" Que gesto mais egocêntrico, desprezível.

E o mais interessante é que fui presenteada com um belo texto, texto digno de aclamações, mas, que eu não era digna dele. Isso se deu devido à alma serena e entregue às boas intenções.

Hoje o que me move a escrever-te é o desejo de retribuir tão singelas palavras, causar em ti a mesma estima que me fez sentir. Devo-te o prazer diário e a dedicação desmedida com que me tens.

Recordo-me bem do dia em que "ousadamente" tu pousaste sua mão na minha, foi leve, sutil e amável. Quando escuto Ben Harper me vem seu sorriso tímido, mas repletos de malícias. São sempre assim, suas “frases feitas” seguidas de minhas censuras absurdas. O que não deixa de ter sua graça.

Sua companhia me faz rir, talvez por seu jeito ser tão clichê.(não ia deixar de citar isso aqui, rs)

São diferenças que se dissipam na mesa do bar ou na disputa de um jogo e bilhar, e no fundo a velha canção do Poetinha "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...".

Deixo aqui meu beijo e mais uma promessa cumprida.

P.P., 11 de outubro de 2007.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

25 de Março...

Não sou atacadista, nem compro em São Paulo pra revender no interior produtos importados da 25 de março. Eu sei que era véspera do dia das crianças e me encontrava na rua mais movimentada da Capital, veja isso:




Mas não, absolutamente não! Eu não tenho filhos, não tenho sobrinhos, afilhados e nem deixei de viver plenamente minha infância.
Não procurava brinquedos, muito menos liquidações.

Fui lá pra encontrar a Ana (olha o lugar que a mulher escolhe pra encontrar alguém), eu interiorana que nunca havia ido na 25 e ainda mais na véspera de uma data comemorativa. Resultado: cheguei com 30 minutos de atraso.

Depois de perguntar para o vendedor de bebidas ambulante, para uns milicos que estavam acompanhando o bom andamento dos transeuntes e para um lojista, descobri onde ficara a travessa “Ladeira Porto Geral”, corri, trombei em alguns sacoleiros, mas cheguei na esquina onde ela me esperava. Braços cruzados, já impaciente pela demora, mas com o mesmo olhar inquieto de tempos idos.

Nem tive tempo de me desculpar pela impontualidade, pois já respondia o questionário “porque tu ta vindo daquela direção???”... – “bom, foi a única saída do metrô que me ensinaram, não conhecia a outra e por isso tive de dar uma volta imensa da Praça do Anhangabaú até a famosa rua”. Era de esperar que eu me perdesse, visto que não sou daquela terra.

Mas vamos ao que interessa.

Apesar dos contratempos tínhamos de cumprir uma missão e essa era de grande valia. Estávamos naquela rua para comprar o MUNDO. É isso mesmo, o MUNDO! Procuramos em diversas lojas e nada. Andamos, andamos, e depois de muito andar numa minúscula loja em que mal cabiam duas pessoas, Ana encontrou o MUNDO. Não era bem como ela imaginara, mas era azul, e por isso resolveu levar. Além de levarmos o novo MUNDO embaixo do braço numa sacola preta, ainda conseguimos a nota fiscal, “conseguimos” não, “Ana” que conseguiu, por mim a nota era indiferente já que tínhamos o MUNDO em nossas mãos.

Engraçado, pois hoje pensando um pouco mais, vi que essa mulher que se prende em burocracia, que se preocupa e fica brava por uma nota fiscal ou por compras de DVDs piratas, é também quem vê num simples guarda-chuva um mundo em potencial e ainda convence outros de que realmente um outro mundo é possível.



De uma América à outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo


Terminamos nosso encontro proseando coisas da vida numa lanchonete qualquer. Já não via mais aquela apreensão em seu semblante, via apenas um sorriso descontraído.

Fui embora feliz por ter contribuído com o sonho do guarda-mundo.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Ahn?! Suco de Mamão com Guaraná???





A passagem por São Paulo nesses últimos dias, assim como nas outras vezes, foi surpreendente. Sempre que piso nesta terra esconde-se de mim o desejo de voltar para o meu interior (entenda como bem queira). Essa cidade me consome, direciona todos os meus sentidos e me impõe o seu ritmo desenfreado. Fico a pensar se gosto dela por necessitar desta submissão ou deste rumo já pré-definido. Bom, essas suposições tratam de meu inconsciente o que buscarei entender no divã de um psicanalista qualquer. O que poderia tranquilamente afirmar é que o céu rosado, o contraste evidente das diversas culturas, a arquitetura e as expressões artísticas, me encanta.
Foram muitos os momentos bons, com direito a serenata na praça, longas conversas próximo à lua, assim como horas de silêncio contínuo em boa companhia.
Reencontrei pessoas que estimo, por outro lado, desencontrei outros tantos excelentes amigos, como foi o caso do Ro (um dia contarei essa história detalhadamente).
Por fim, resta-me falar dos encontros e estes sim, foram inesquecíveis. Encontrei-me com a vida de Simone de Beauvoir e com o canto de Nina Simone, foi tanta empatia que as trouxe comigo. As conversas sobre o “AMOR LIVRE” não agradaram minha mãe, visto o fascínio e as longas discussões travadas com meu pai.
Encontrei também um olhar que durara pouco e bons segundos, mas foi o suficiente para não esquece-los. Não sei dizer se estes olhos me encaravam pela excentricidade do meu suco ou por algum encanto que pode ter os meus. Na dúvida, prefiro ficar com a segunda suposição.

Ahhh... e não é que o suco ficou ótimo.


P.P., outubro de 2007.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Naqueles tempos...

Reencontrei meu velho comparsa Rodrigo. E ao ouvir sua voz transbordei de felicidades e te digo meu amigo também sinto saudades e é pra você que eu fiz esa canção (em momentos sem rima e sem ritmo... mas, sei que tu compreenderá) com aqueles acordes que um dia você me ensinou em frente à minha casa.


“O ritmo que embala essa canção
Os acordes que tocam minhas mãos
O tom desafinado por nossa história
Começa agora
A se compor...

A música parece tão clichê
Da mesma forma quando penso em você
Talvez seja
Porque contigo foi que eu aprendi a melodia
De todo o dia, que não acaba mais

Recordo-me dos nossos velhos dias
Da antiga crença no disco voador
Da pescaria planeada,
Da peixada enluarada
Da viola encantada e do seu canto desafinado

Querido, o seu papo de astrologia
Convence tanto como minha ingenuidade,
Os seus passos de rock hall
A minha ginga tcha tcha tcha
Minha rima tão piegas
E o teu pega de colega
Tem a ver com o quê???”


Ass. a "Revoltada"

Pres. Prudente, 02 de outubro de 2007.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Bem vinda...


Foto: Vicente Sampaio


"Do céu caíram algumas gotas...
E em nenhum momento pensei em correr,
Pensei sim, em ficar, em sentar no meio fio e com os olhos fechados sentir o gotejar das lágrimas das nuvens em minha boca escancarada.
Assim como fazia nos tempos idos, lá no beco Tocantins, quando em dias de chuva despidos de qualquer roupa e malícia ficávamos Murilo, Patrick, Maicon, João, Paulo e eu, deitados nas enxurradas vendo o tempo passar e rezando para que a chuva demorasse a ir-se.

É, meu universo era aquela rua, onde os sonhos se davam em abundância, onde o imaginar não era contido pela hipocrisia da dita conveniência social. Lá éramos quem queríamos ser, os pés descalços entravam em qualquer recinto sem serem rechaçados, eram eles marcados por cicatrizes dos cacos de vidros, dos “tampões” que arrancávamos constantemente nos tropeços da vida. Fomos uma trupe, um bando, uma quadrilha, uma seita, sei lá o quê, só seique fomos. Praticamos também pequenos ilícitos, quando, por exemplo, roubamos biquinhos de pneus, fosse de carro, bicicletas ou motos. Os mais valiosos era os “cromados”, segundo o Murilo. E foi com o “Muka” na fila da primeira confissão que nos obrigaram a fazer, que eu expunha minhas dúvidas:

- Mu, roubar biquinho de pneus é pecado???
- Ah Rata, sei não... você acha que devemos contar para o Padre???
- Não sei. E se ele contar pro nossos pais???
- Vixi, estamos ferrados.

Com este mesmo comparsa, convenci o “Macaco” (Danilo) a murchar o pneu do carro da Ione, uma das vizinhas mais implicantes. Não bastasse levarmos o moleque ao atrevimento, ainda chamamos a Ione para ver o ocorrido.

Quanta maldade Senhor.
Isso não é nem metade do que fizemos.

De pecado em pecado vivíamos – na compreensão dos ensinamentos católicos-, e o céu, a chuva, a rua, a “nossa” rua, eram cúmplices de nossas malandragens, de nossas desobediências, intactas de vícios e de culpa.

Por me proporcionar momentos de tão agradáveis lembranças, por me levar a esse tempo que não volta mais, saúdo você querida chuva, abro meus braços e deixo-te percorrer o meu corpo. E se depender de mim, a esperarei todas as tardes com um sorriso de boas vindas."


P.P., 28 de setembro de2007.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Quando cheguei de repente...

“Vim apenas para acabar com o seu deleite noveleiro
Roubar seu sorriso
Esconde-lo embaixo da camisa
E correr pro meu esconderijo

O guardarei com apreço
E antes do nascer do sol
Farei uma prece
Pedindo para que eu sempre o mereça

Quero assim, numa noite estrelada
Sair em plena madruga
Espalhando seu sorriso pelas calçadas

E quando me perguntares:
O porquê de tanta farra
Responderei sem amarras
assim, logo de cara:

- Sou da boemia companheira,
e do samba passista,
toda vez que me sorri
quando entro inesperadamente
pela porta do seu quarto”

Assim como um trago...


"Créditos: Cris que achou essa foto na internet"



"Tu és como cigarro de cravo,
finda e deixa um gosto adocicado nos lábios"


Presidente Prudente - SP, 2007.

Paloma

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Cárcere?!

"Causam em mim um fascínio encantador a liberdade e as pessoas livres.
Mas sofro tanto quando as vejo ir,
e corro quando me pedem pra ficar..."

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Simone de Beauvoir



Uma das fotos mais lindas que já vi (Meu pai que o diga, rs).
Sensualidade vinda de gestos simples.
Mais sobre Simone veja: http://www.simonebeauvoir.kit.net/



Quer me agradar???
Me dê um livro de Simone de Beauvoir.
É só escolher:

A obra de Simone de Beauvoir desenvolveu-se basicamente em três direções: Romances, Memórias e Ensaios.


A Convidada | L'Invitée | 1943
O primeiro romance publicado de Beauvoir narra os conflitos de uma mulher de 30 anos, Françoise (uma espécie de alter ego da autora), e seu envolvimento num trio amoroso: ela, Pierre Labrouse e a enigmática Xavière, jovem que exerce forte atração no casal. Ambientado no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, o livro disseca o amor em todos os seus meandros: ciúme, decepção, frustração, raiva, incerteza...


O Sangue dos Outros | Le Sang des Autres | 1945
O segundo romance de Simone retrata o conflito de um membro da Resistência durante a Segunda Guerra Mundial. Repentinamente, Jean Blomart se vê forçado a optar entre o engajamento social e o dever pessoal. De acordo com o pensamento existencialista, Beauvoir procura analisar "a maldição original que constitui, para cada indivíduo, sua coexistência com todos os outros". Um livro bastante pessoal no qual se encontra a percepção de Simone sobre a guerra.



Todos os Homens são Mortais | Tous les Hommes sont Mortels | 1946
Romance de tese, histórico e utópico, o livro conta a história de um homem que, no século XIII, não hesita em beber um elixir da imortalidade para tentar escapar das limitações de sua condição de mortal. Assim, o ambicioso e entusiasta conde Fosca, desafia o tempo e chega até os dias de hoje questionando tópicos inerentes à natureza humana, tais como a ambição, o poder, a imortalidade, o prazer, o destino e a transcendência.



Os Mandarins | Les Mandarins | 1954

Prêmio Goncourt de 1954, este livro assinala na carreira de Simone de Beauvoir seu definitivo engajamento político e literário. Romance existencialista, Os Mandarins apresenta um febril panorama da França entre 1944 e 1948: as repercussões da guerra, a agitação intelectual, a corrupção moral, os dilemas e dúvidas da esquerda e, sobretudo, "o chão coberto de ilusões desmoronadas". Para Beauvoir seu livro não era nem uma autobiografia nem uma reportagem.



As Belas Imagens | Les Belles Images | 1966
O livro aborda um período crítico da vida de Laurence, uma publicitária da alta burguesia aparentemente bem-sucedida que, por uma série de contingências, começa a questionar seus valores. Através do texto, Beauvoir aprofunda uma série de reflexões, levando Laurence a reavaliar a idéia básica que norteou sua vida e que rege toda sua obra: "Querer-se livre é também desejar que os outros sejam livres."


A Mulher Desiludida | La Femme Rompue | 1968

Contadas em forma de diário escrito pelas protagonistas, as 3 histórias do livro [A Idade da Discrição | Monólogo | A Mulher Desiludida] têm como temas a solidão e o fracasso, mas cada qual apresenta um enfoque específico. As mulheres desses relatos não compreendem bem o que lhes está acontecendo, um universo que até então lhes parecia seguro começa a desmoronar e, aturdidas, elas perdem até mesmo a noção de sua própria identidade.


Quando o Espiritual Domina | Quand Prime le Spirituel | 1979
Escrito entre 1935 e 1937 este conjunto de cinco novelas, que interligadas quase constroem um romance, se constitui na primeira obra de Beauvoir — que foi recusada sucessivamente, em 1938, pelas editoras Gallimard e Grasset.
As cinco novelas narram histórias de crise de jovens mulheres: o conflito entre as verdadeiras personalidades dos personagens e o meio em que vivem, repleto de hipocrisia e de preconceitos.



Memórias de uma Moça Bem-Comportada | Mémoires d'une Jeune Fille Rangée | 1958
Compreendendo o período entre 1908 e 1929, este livro dá início ao ciclo memorialístico de Beauvoir. Em sua narrativa, Simone divide com o leitor lembranças de sua infância e juventude, seus estudos, suas amizades com Zaza, Maheu e Sartre. Um livro que revela todas as esperanças de uma jovem até então bem-comportada, burguesa, católica...



A Força da Idade | La Force de l'Age | 1960
Integrando o conjunto de obras dedicadas às suas memórias, este segundo volume compreende um período particularmente fecundo da trajetória de Simone de Beauvoir — os anos de 1929 a 1944 —, constituindo-se num relato de fatos decisivos em sua formação literária, filosófica, política, e delimitando o período áureo do existencialismo. Neste livro, uma vez mais, Beauvoir aguça sua consciência crítica num testemunho essencial a todos os que queiram conhecer melhor as grandezas e misérias de nosso tempo.



A Força das Coisas | La Force des Choses | 1963
A trajetória iniciada em Memórias de uma Moça Bem-Comportada e continuada em A Força da Idade prossegue neste 3º volume autobiográfico. Numa obra em que o sangue circula e a vida brilha, sempre questionada com seriedade, Beauvoir fala de pessoas, livros e filmes que marcaram sua vida; aborda acontecimentos políticos; e faz alguns relatos de viagens, inclusive a que a trouxe, junto com Sartre, ao Brasil. O livro abrange o período entre os anos de 1944 e 1962.



Uma Morte Muito Suave | Une Mort Très Douce | 1964
Beauvoir narra de forma terna e sensível a angústia que envolveu a internação de sua mãe, para tratar inicialmente de uma fratura do fêmur decorrente de uma queda; e, posteriormente, de sua morte, por câncer. O relato descreve os absurdos da existência e se presta igualmente a uma interessante reflexão sobre o papel da medicina no prolongamento da vida artificial de doentes terminais.





Balanço Final | Tout Compte Fait | 1972
Mais um testemunho da coerência e da coragem que tornam Simone de Beauvoir uma escritora exemplar. Desvendando-se a si e à sua vida com uma autenticidade desconcertante, a autora se entrega à livre discussão de suas idéias frente à evolução psicológica, social e política do mundo contemporâneo. Os relatos contidos no livro compreendem o espaço de tempo entre os anos de 1962 a 1972.



A Cerimônia do Adeus | La Cérémonie des Adieux | 1981
Relato dos últimos dez anos da vida de Jean-Paul Sartre, companheiro de Simone por mais de cinqüenta anos, num tom ao mesmo tempo distante e comovente. É o "diário" de bordo de sua longa morte, um livro para se ler dividido entre o horror, a admiração e as lágrimas. No livro também constam uma série de entrevistas feitas com Sartre em agosto e setembro de 1974.





Journal de Guerre | 1990
Editados por Sylvie Le Bon de Beauvoir, estes relatos, que datam do começo da Segunda Guerra (sete cadernos), se constituem apenas num fragmento do diário que Simone mantinha desde sua juventude. É necessário, portanto, considerá-lo como parte de um todo notadamente mais vasto. Sua publicação isolada pode ser observada como um complemento da correspondência de Beauvoir com Sartre. O diário compreende os anos entre 1939 e 1941.





Lettres à Sartre (I e II) | 1990
Dividido em 2 volumes, o primeiro abrange os anos de 1930 a 1939; o segundo volume compreende o período entre 1940 e 1963. As cartas de Simone a Sartre foram dadas como perdidas por ocasião da publicação, em 1983, das cartas escritas por ele. Somente após a morte de Beauvoir, Sylvie Le Bon encontrou o volumoso pacote que as continha. No 1º volume constam as cartas que o casal trocou durante a guerra; no 2º, relatos de viagens e cartas ternas e amorosas.





Cartas a Nelson Algren | Lettres à Nelson Algren | 1997
Organizado por Sylvie Le Bon de Beauvoir, o livro reproduz a correspondência que Simone manteve com o escritor americano Nelson Algren, com quem viveu um complicado caso de amor, que se estenderia por quase vinte anos. O teor das 304 cartas (escritas entre 1947 e 1964) revela, entre muitas outras coisas, como Beauvoir dedicou-se intensamente a essa relação paralela ao seu já polêmico relacionamento com Sartre.





Correspondance Croisée (avec Jacques-Laurent Bost) | 2004
Esta correspondência começa em 1937, quando Beauvoir tinha 29 anos e já vivia com Sartre havia 8 anos. Jacques-Laurent Bost, então com 21 anos, ex-aluno de Sartre, tinha vindo estudar filosofia em Paris. A moral do casal Sartre-Beauvoir pregava a transparência das relações e a liberdade dos corpos. Simone não esconde de Sartre a nova relação que rapidamente estabelece com Bost, um amor que será clandestino em virtude de Olga Kosackiewicz, então namorada dele.




Pyrrhus et Cinéas | 1944
Em seu primeiro ensaio filosófico Beauvoir sustenta que, na ausência de um deus que garanta a moralidade, cabe ao indivíduo criar laços com seus pares através de ações éticas — o que requer projetos capazes de expressar e encorajar a liberdade. Este ensaio foi traduzido e publicado no Brasil, com o título de Pirro e Cinéias, em outro livro: Por uma Moral da Ambigüidade.



Por uma Moral da Ambigüidade | Pour une Morale de l'Ambiguïté | 1947
Com este ensaio Beauvoir tentou fazer o que os adversários do existencialismo julgavam impossível: estabelecer as diretrizes de uma moral existencialista. Simone acreditava que era possível encontrar na liberdade os fundamentos de nossas condutas. Se através de dúvidas e fracassos conseguirmos afirmar concretamente o sentido e o valor da existência, nenhum poder externo prevalecerá contra tal afirmação.



L'Amérique au Jour le Jour | 1947
Ao mesmo tempo ensaio e testemunho, este livro foi escrito depois de uma temporada de quatro meses nos Estados Unidos, em 1947. No relato de Simone de Beauvoir pode-se perceber um desejo pronunciado de descobrir um novo continente, de tudo ver, de tudo conhecer e aprender.





O Segundo Sexo I - Fatos e Mitos | Le Deuxième Sexe (I) | 1949
Lançado numa época em que o termo "feminismo" nem sequer havia sido cunhado, este livro é considerado, hoje, como o marco inicial da prática discursiva da situação feminina. Neste primeiro volume, Simone de Beauvoir aborda os fatos e mitos da condição da mulher numa reflexão apaixonante que interessa a ambos os gêneros humanos.



O Segundo Sexo II - A Experiência Vivida | Le Deuxième Sexe (II) | 1949
Segundo volume do livro que examina a condição feminina em todas as suas dimensões: a sexual, a psicológica, a social e a política. Uma proposta de caminhos que podem levar à libertação não só das mulheres como, sobretudo, dos homens. Complementação de uma obra que, em escala mundial, inaugurou o debate sobre a situação da mulher.



Privilèges | 1955
Uma coletânea contendo três pequenos ensaios: Deve-se Queimar Sade?, O Pensamento de Direita Hoje e Merleau-Ponty e o Pseudo-Sartrismo. Como os privilegiados conseguem pensar em sua própria situação? É a esta e outras questões que Simone tenta responder em seus ensaios. Os privilégios são sempre egoístas e torna-se inviável legitimá-los aos olhos de todos, uma vez que o pensamento sempre visa à universalidade.



Deve-se Queimar Sade? | Faut-il Brûler Sade? | 1955
Uma interessante análise da obra de o Marquês de Sade e de seu fracasso na busca por uma síntese impossível entre duas classes: o racionalismo dos filósofos burgueses e os privilégios da nobreza. Este ensaio foi publicado numa coletânea intitulada Privilèges.
O livro foi traduzido e publicado no Brasil na década de 60 e 70, mas com a extinção da editora responsável pela publicação ele só pode ser encontrado atualmente em sebos.



O Pensamento de Direita, Hoje | La Pensée de Droite, Aujourd'hui | 1955
Neste livro, Simone de Beauvoir, indica e analisa as conceituações e posições ideológicas que constituem o pensamento de direita nas artes, na ética, no jornalismo político e em vários outros campos da cultura e da atividade humana. Este ensaio foi publicado numa coletânea intitulada Privilèges.



A Longa Marcha | La Longue Marche | 1957
Durante uma viagem à China, em 1955, em companhia de Sartre, Beauvoir começa a redigir um longo ensaio no qual tenta desvendar a vida, a sociedade chinesa e, sobretudo, o lugar das mulheres nesta sociedade.
O livro chegou a ser traduzido e publicado no Brasil, mas com a extinção da editora responsável pela publicação ele só pode ser encontrado hoje em dia nos sebos.




Djamila Boupacha | 1962
Testemunho escrito sob encomenda e em parceria com a advogada Gisèle Halimi sobre o caso de Djamila Boupacha, uma argelina de 28 anos, agente da FLN, que, acusada de um atentado a bomba, foi seqüestrada, torturada e violentada com uma garrafa quebrada por militares franceses.





A Velhice | La Vieillesse | 1970
Do tratamento que as sociedades primitivas davam aos idosos até conquistas e problemas existentes nas sociedades atuais, Beauvoir propõe uma mudança radical na sociedade, de forma a desmistificar as hipocrisias que cercam a velhice. Uma obra duramente criticada, mas que alcançou repercussão em todo o mundo, levantando questões e soluções para os idosos.





Les Temps Modernes | 2002
Uma compilação de vários artigos políticos e culturais publicados na revista Les Temps Modernes escritos por Simone, e também por diversos autores tendo como tema a vida e obra de Beauvoir.
Criada em outubro de 1945 por Sartre e Simone, Les Temps Modernes foi durante muitos anos a mais prestigiada revista francesa de nível internacional

domingo, 23 de setembro de 2007

Para Santa Teresa uma Prece




“Como Santa seria inatingível,
à cima estaria dos prazeres,
do belo e da tentação.

Sendo Teresa,
meu olhar estaria umidecido de simplicidade,
minhas mãos seriam servis ao carinho incondicional.

Envolta por este ar tão contrastante,
mas ao mesmo tempo tão agradável,
pude percorrer seus trilhos tranquilamente,
com eles tinha certeza de que chegaria a algum lugar e cheguei.

Embriagada de soberba por ver aos meus pés o mar sereno do Rio e o Cristo de braços abertos, senti concomitante a isso, em minhas veias o correr da humildade do caminho ladrilhado,
logo depois fiquei intrigada com a descontração dos transeuntes que passavam inabaláveis.

Ao ver os arcos encontrei um senhor que há muitos vivia por aquelas bandas, e o questionei:
- Senhor, o que acontece com essa gente, o que fazem para conseguir tanta felicidade, pois sorriem mesmo subindo essa ladeira?
E ele paciente, deu um trago em seu cigarro de palha e ao meio à fumaça me disse meia dúzias de palavras:
- Minha filha, aqui, todos os dias ao amanhecer fazemos uma prece que é mais ou menos assim:
“Deus conceda-nos a nobreza da Santa
e a singeleza de Teresa”

Contente, apagou na sola do pé o cigarro e saiu cantarolando um samba qualquer.”


Presidente Prudente, 23 de setembro de 2007.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Para trazer ao mundo novos poemas

"Caminhando pelas trilhas do passado,
sentindo novamente o perfume das pequenas margaridas

Revisitando as entrelinhas dos nossos dizeres,
das palavras ardentes, às vezes sacanas outras cheias de paixão
encontro um sonho que foi sonhado junto. SIM! Isso foi possível.

E foi possível justamente pela proximidade de alma,
dos astros,
da lua e do sol.

A metafísica nessas horas é bem vinda,
quando não temos respostas,
a inventamos.

Os rascunhos e os rabiscos que tanto nos acompanharam
Estão aí, pulsando, querendo nascer
E o desfecho deste conto,
deste poema inacabado,
cabe à nós,
a mim e à ti...

Abandonemos mais uma vez o peso da realidade, a racionalidade
e mais um montão de "ade"
Pois, enquanto essas ainda existirem,
as rosas não desabrocharão,
calar-se-ão os gritos,
e os sussurros das confissões dos pequenos prazeres não serão mais ouvidos"


P.P., 20 de setembro de 2007.

domingo, 16 de setembro de 2007

Egoísta a solução?

"Ah, pelo menos eu já entrara a tal ponto na natureza da barata que já não queria fazer nada por ela. Estava me libertando de minha moralidade, e isso era uma catástrofe sem fragor e sem tragédia.
A moralidade. Seria simplório pensar que o problema moral em relação aos outros consiste em agir como se deveria agir, e o problema moral consigo mesmo é conseguir sentir o que se deveria sentir? Sou moral à medida que faço o que devo, e sinto como deveria? De repente a questão moral me parecia não apenas esmagadora, como extremamente mesquinha. O problema moral, para que nos ajustássemos a ele, deveria ser simultaneamente menos exigente e maior. Pois como ideal é ao mesmo tempo pequeno e inatingível. Pequeno, se se atinge; inatingível, porque nem ao menos se atinge."

Clarice Lispector - A Paixão Segundo G.H.




Há tempos venho refletindo sobre o fazer o que se quer sem se preocupar com a conveniência ou não de seu gesto. Muitas vezes me vejo em situações em que eu não desejava fazer algo, e acabo fazendo ou por se conveniente ou por não querer magoar outrem. É nessa contradição que acabo me aborrecendo. Fazer o que não se quer é uma violência, é um abuso, e o pior é contra nós mesmos. Por outro lado, fazer o que queremos sem se preocupar com os outros, parece ser de um egoísmo sem tamanho, bem característico do individualismo extremado conseqüente do sistema capitalista. Como conviver com esse paradoxo?
É difícil. Tenho exercitado o meu "eu" mais egoísta, mais egocêntrico, visto que, nesses 22 anos de existência o meu lado altruísta prevaleceu sem eu me dar conta disso. Essa reflexão veio com a necessidade de se viver uma vida mais prazerosa. E da reflexão para o ato levou algum tempo. Confesso que hoje, com o meu olhar mais introspectivo, e com minha fidelidade aos meus desejos, estou muito mais satisfeita e bem mais feliz.


"Ser bom é estar em harmonia consigo mesmo. (...) A discordância está no sermos forçados a viver em harmonia com os outros. A nossa vida: eis o que importa. A vida dos nossos semelhantes... quem quiser dar-se ares de pedante ou de moralista, poderá julgá-los pelos seus critérios morais; mas a vida alheia não é da nossa conta. Além disso, o individualismo tem realmente a finalidade mais alta. "
Oscar Wilde - "O Retrato de Dorian Gray"

domingo, 9 de setembro de 2007

SANEAMENTO BÁSICO, O FILME






"A comunidade da Linha Cristal, uma pequena vila de descendentes de colonos italianos na Serra Gaúcha, reúne-se para tomar providências sobre a construção de uma fossa para o tratamento do esgoto da vila. Os moradores resolvem fazer um vídeo de ficção, ambientado nas obras de construção de uma fossa, com o único objetivo de usar a verba para as obras."


Amigos Meus,
fica aí uma imposição, é gente, imposição:
ASSISTAM ESTE FILME...
Encantador.
Todos os personagens se destacam, cada um tem seu momento de glória.
Lindo por tratar com tamanha delicadeza a simplicidade, a ingenuidade das pessoas.

"O que é mesmo ficção???
Quimera?"

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Cotidiano

Abandonei por um tempo o meu canto,
esse canto,
mas não minha canção.

Abandonei a lástima,
e também a dor,
e sem dor é difícil rimar.

Deixei as paixões,
os ladrões,
e a política também.

Resolvi levar vida de esportista,
disciplinada,
e nada animada.

Hoje acordo cedo,
tomo um café amargo,
e saio de madrugada.

Durmo tarde,
acho interessante os livros de direito,
e discuto amenidades.

Nossa...
como estou chata!

domingo, 12 de agosto de 2007

Pensamentos Impuros, intrusos...

"Quero sim,
toque-me-me-toque,
se toque,
sinta-se para assim me sentir...

Toque minhas mãos meu irmão,
abrace-me sem medo,
pois não o tenho...

Entregue-se,
não o deixarei cair...

Cuido de ti e de mim

Acaricie-me as costas
Sorrirei de graça,
sem cobrar nenhum vintém , meu bem

Quero um beijo na chegada, e
um beijo na saída talvez

Quero uma mão assanhada,
uma olhadela tarada,
e intenções puritanas também

Em troca darei à sua vida regrada uma pitada de desajuste,
quando do primeiro encontro,
lembrar-se-á de minha cara um pouco rude

Creia, queria impressionar apenas...
Que pena”

domingo, 5 de agosto de 2007

Des'coberta...

Sou cética quando não estou apaixonada
Repúdio a crença nos amores eternos, à primeira vista.
Digo energicamente: NÃOOOOOO! Não existe, não existe...

Declarações de amor surgem aos meus ouvidos como gritos desesperados:
"Me ame, me ame"
Flores:
"Quero te levar pra cama, gostozona"
Presentes:
"Sou uma pessoa atenciosa, não esqueço de datas"

Mas, quando me apaixono... Ahhh...

Necessito diariamente ouvir as declarações mais clichês, piegas mesmo.

Flores são o supra-sumo do agrado.

E os presentes, ficam cravados na lembrança como um gesto de carinho.

Meu tom é contrastante.
Um abismo, onde se separa:
o azul sereno do mar de Ipanema,
e o céu escuro de uma tarde em tempestade.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

PrObLeMãO


“Início de mês
É sempre uma dor de cabeça

Eu que escolhi a área de humanas
para fugir dos cálculos da exatas
sofro com os pagamentos mensais.

Não só por não saber realizar os cálculos
Mas, também por não ter grana suficiente para arcar com os meus gastos modestos
Isso me deixa um tanto tristonha

Aí vem o sentimento de culpa
que facilmente transponho para o sistema, para os políticos corruptos,
e isso alivia a minha dor,
mas, não paga as minhas contas

Começo o cálculo imaginário

Faculdade... Huum, essa é imprescindível
Aluguel... Idem, preciso de um teto
Telefone??? Puta m..., gasto desnecessário... Tenho que me conter no próximo mês
Transporte para chegar na faculdade... é, esse dava pra reduzir, posso faltar alguns dias (ops. me ferrei semestre passado por faltas, não dá)
Alimentação ... dá pra reduzir, realmente, tô precisando comer menos, aproveito e faço um dieta (putz... alimentos saudáveis são caros... já viu o preço do brócolis???... só os trangênicos são acessíveis... foda, foda)
Visitas à mamãe aos fins de semana ... por mais que a dor do parto doa, esse gasto dá pra cortar. Aí, me faço presente por telefone... Porra! Telefone não! é um gasto a ser reduzido. Bom, mas, dá para ser por e-mail... melhor, melhor (taí a solução)
Bodeguitas??? Nem pensar, preciso estudar, cerveja dá um preju e faz mal. Então, "cortar a bodeguita"

SACO DE FEIJÃO

Meu Deus mas para que tanto dinheiro
Dinheiro só pra gastar
Que saudade tenho do tempo de outrora
Que vida que eu levo agora
Já me sinto esgotado
E cansado de penar, meu Deus
Sem haver solução
De que me serve um saco cheio de dinheiro
Pra comprar um quilo de feijão
Me diga gente
De que me serve um saco cheio de dinheiro
Pra comprar um quilo de feijão
No tempo dos "derréis" e do vintém
Se vivia muito bem, sem haver reclamação
Eu ia no armazém do seu Manoel com um tostão
Trazia um quilo de feijão
Depois que inventaram o tal cruzeiro
Eu trago um embrulhinho na mão
E deixo um saco de dinheiro
Ai, ai, meu Deus

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Noite Fria, noite finda...

Segundo consta esta foi a noite mais fria do ano. Assim, noticia os veículos de comunicação.

“30/07/2007 - 05h53
Termômetros registram mínima 6ºc nesta madrugada
São Paulo - A madrugada desta segunda-feira na capital paulista pode ter sido a mais fria do ano. Segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), às 5h eram registrados 6ºC pela Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica (Redemet) em Congonhas, na zona sul da capital paulista. Em Cumbica, Guarulhos, na Grande São Paulo, os termômetros marcavam 3ºC. A menor temperatura deste ano na cidade de São Paulo foi de 6,6ºC, no dia 5 de junho, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Ricardo Valota”


Nem precisava ver essa nota para saber que esta foi a noite mais fria. A senti, minha pele a acolheu e minhas mãos a tocaram.

No ritmado embalar desta madrugada gélida, meus pensamentos acalentaram minha alma. Reflexões sobre o que vivenciei nesta terra de junho até agosto permearam minha lucidez chegando até o sono mais profundo.

Acho que esta prática de exercitar o pensar tem ligação com os ensinamentos da gnose que tive contato aos 9 anos por acompanhar meus pais aos estudos. Recordo-me de alguns ensinamentos, como o de rever criticamente seus atos diários. O de se questionar com as cinco perguntas:

Quem sou?
De onde venho?
Para onde irei?
Por que existo?
Ser ou não ser?

Foi no espaço da gnose que folheei pela primeira vez “O Pequeno Príncipe”, bem como, assisti “Jardim Secreto” e fiz meditação. É engraçado, pois faz muito tempo e ainda ficaram resquícios impregnados em mim.

• Neste exercício pude notar quantas pessoas interessantes conheci e convivi nestes 2 meses e o que elas deixaram tatuado em meu sorriso.

Marcus ............................... Seu sorriso inesperado ilumina qualquer espaço
Maria ...................................... Não é à toa que tu é amiga do Patrick

Entre eles: Dani (MG), Wellington, Rafael, David, Michele, Japonês, André, Maria Bonita, Márcio, Sérgio, Flávia, Verônica, Maga, Ariane, Débora, vixi, e mais um bocado espalhado por aí.

Redescobri e encontrei a trupe que já estavam no meu coração, eles:


Ana Bacana .................................Força delicada de uma pequena margarida
Bob e Merlyn ................................................ Amores Incondicionais
Giane........“Vagabuuunda” Irmã tão amada (O que seria da minha vida sem tu???)
Tuco ...................................................... O mais terno e elegante
Nina ............................................................. Querida Picareta
Márcia...................................................... Melhor companhia não há
Bruno Manézão ........Nossa amizade dá seriado (haja tempo para contarmos todas as histórias)
Sabrina............................................... Linda e politicamente correta
Frank ........................................................... “Pô Frank sou eu”
Cris .............................................................. Amizade eterna
Papi ................................................................ Grande Homem
Patrick ................................................................... Meu amor

Entre eles: Paulinha, Jeca, Nilcio, Débora, Ana Paula, Natanael, Natanael, Mari, Aline, Ana Trilegal, Tatinha, Kelly, Gláucia, Thays, Maria, Diana, Daninha, Elmano e tantos outros.

Álbuns que me acompanharam:

Ney Matogrosso interpreta Cartola


Gilberto Gil Unplugged



Chico Buarque
Chico César
Ná Ozzetti

Canções Marcantes:

Alguém me Avisou (Dona Ivone Lara)
Mandacaru (Chico César)
Tenho Sede (Gil)
Capitu (Na Ozzetti)
Não Vá Ainda (Zélia Duncan)
Cheiro de Amor (Maria Bethânia)
Espatódia (Nando Reis)
Trocando em Miúdos (Chico Buarque)
Cartola (Tive, Sim!) – rendeu-me horas de discussão
Estácio, Holly Estácio (Luiz Melodia)

Filmes nos tempos da serenidade:

Love Story – Uma História de Amor (“Amar é jamais ter que pedir perdão”)
Imagine Me & You - Imagine eu e Você
Harold and Maude
Procura-se uma Amor que Goste de Cahorros
E sua mãe também
Melhor Impossível
Mulholland Drive – Cidade dos Sonhos

Peças para fugir dos botecos e apreciar grandes interpretações:



Queen - a festa
(60min, livre) - Espetáculo interativo.
texto e direção: César Ribeiro
elenco: Sergio Silva Coelho
Durante a comemoração do aniversário da Deusa da Loucura, a platéia é convidada a beber vinho e a dançar ao som de música disco.

Desconstrução
(60min, livre) - Exposição dramática
texto e direção: César Ribeiro
elenco: Cleiton Pereira, Everson Romito, Ruy Andrade, Selma Trajano, Tarcila Albuquerque, Tiago Mine, Ubiratan Honoratto e Ulisses Sakurai
No formato de uma exposição, o público seleciona a ordem do espetáculo, composto de uma série de crônicas que refletem sobre a vida nos centros urbanos.

Shows (na faixa, rs):

Flávio Venturini
Ná Ozzetti
Elza Soares
Luiz Melodia

• Livros:
A Paixão Segundo G.H. – Clarice Lispector (Presente da Ana)

Exposições:

O Corpo Humano
Clarice Lispector – A Hora da Estrela

Musical:
"Odara – Tradição, Cultura e Costumes de Um Povo"

Afora os momentos de descontração e vivência acompanhou-me a saudade, saudades daquilo que ficou.

Minha Casa ............ Minha Vida Contínua
Mami ...................Abraço que faz falta, sem falar da comida
Magdão ................. Conversas Intermináveis
Déh .................... Sensatez (que tantas vezes me falta)
Marcelo ............... Humor Inteligente
Laine .................. Bagre Ensaboado
Vilin .................. A companhia e o tereré (é claro)
Anikola .............. do transformar das tardes entediantes em momentos divertidíssimos
Poía Biscatinha........ da preguiça e a vontade de nada fazer além de comer doritos

Carolina, Carolina ..... (meu coração aperta...) aí Carolzita que falta sinto da sua padaria... rs... (brincadeira).. sinto falta do seu entusiasmo, do “ato falho”, complexo de édipo, Lacan, Freud, “Índia seus cabelos nos ombros Caídos”, porra Cá... que saudade d’ocê cara. Você é foda mesmo. Tu sabe bem o quanto te admiro né sua biscatinha? Terapeuta Pós Doc. em Harvard. Seu futuro é brilhante.

Kelly e Jami .......dos nossos planos mirabolantes de conquista, um dia a gente chega lá... rs é só não perder a fé e colocar em prática as cartinhas anônimas...kkk

Li ................... e meu peixe, pô??? Espero que não tenha comido. Oh, saudadona de admirar-te diariamente. Com essas buchas que aparece é só rebolando pra dar conta do recado. Se contar nem Deus acredita.

Galera do Rosa ....... seus picaretas, falta dos papos noite à dentro contando com a carícia do Biroca. Só ele me recebe bem naquela casa.

Mutuca e Thiago ....... eita nosso baralhinho, kanthan, kanthanzinha

Carinet .............. bons tempos o do Fuket e o mirar da estrelas em Mauá

Rejiane ...............da conjuntura “Pontalesca”

Casa dos Meus Velhos ... Jardim, mesa de pedra, tv, acordar com a sinfonia dos pássaros, madrugada no sereno....

Tia Sirlena (babá) ...... creia, um dia daremos jeito nessas meninas


Escrevendo sobre minhas saudades, descobri que eu sentia mais saudade do que eu pensava. Vontade de vê-los, abraçá-los, senti-los. Contar umas mentiras com o meu mais novo sotaque paulistano. rs


Sampa

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e Av. São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo, afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso o avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de Campos e espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan Américas de Áfricas utópicas túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa

Caetano Veloso


Sampa “muito friorenta”, 30 de julho de 2007.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

IMPERDÍVEL...

Queridos amigos,
fica aí uma indicação: VEJAM ESTE ESPETÁCULO.
De uma qualidade incomensurável. Mais do que um simples espetáculo de dança, este comporta ensinamentos sobre a cultura afro, tão rica e importante. Suas músicas, danças, crenças, culinária, que até hoje se perpetuam no mundo e é tão pouco valorizada.
Márcio Telles, conseguiu congregar belamente num só espetáculo a cultura afro em suas mais diversas dimensões. Isso não é para qualquer um.
Vale ressaltar, que o espaço onde o espetáculo se dá é um antigo cabaré capaz de embasbacar qualquer pessoa. Suas características originais foram mantidas, o que nos remete a um outro tempo a um outro mundo.

NÃO DEIXEM DE IR...







Peça do Grupo Omo-Ayê reúne teatro, dança e música afro

"Odara – Tradição, Cultura e Costumes de Um Povo", musical afro encenado pelo Grupo Afro Cultural Omo-Ayê, está comemorando dois anos em cartaz na cidade de São Paulo. São mais de cem apresentações no palco do Café Concerto Uranus (Rua Dr. Carvalho de Mendonça, 40 – Campos Elíseos), Centro. As apresentações acontecem todas às quintas-feiras, às 21 horas.

A peça, escrita e dirigida por Márcio Telles, reúne teatro, música e dança para falar sobre a criação do mundo, segundo a cultura Yorubá, grupo étnico africano que representa 18% da população da Nigéria, com comunidades pequenas no Brasil.

O elenco, com 45 atores, dançarinos e percussionistas, se reveza em um texto interativo, onde figuram Orixás, capoeira, samba de roda e batuques. A história é contada por um negro "centenário", vivido pelo ator Márcio Telles, que vivenciou glórias e tragédias de um povo africano. O personagem faz sua narração se misturando à platéia e convida para uma viagem musical, com efeitos de luzes, que parte do Continente Africano e chega ao Brasil, com uma explosão contagiante de sons. A proposta do grupo também é a reflexão para temas como discriminação racial, inclusão étnica e valorização da cultura afro-brasileira e africana.

Espetáculo Musical: Odara – Tradição, Cultura e Costumes de Um Povo, com direção geral de Marcio Telles, no Café Concerto Uranos, na Rua Dr. Carvalho de Mendonça, 40 – Campos Elíseos (Centro).Ingressos: R$ 25,00. Desconto: 50% para reservas pelo telefone (11) 3822-2801 | Informações e Reservas: (11) 3822-2801.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Destino...



Imagem retirada do site: http://www.imanmaleki.com/en/Galery/

“Um passo,
Uma pausa...

Calo-me e
Nada digo...
Sigo

Finjo que não quero,
Mordo os lábios para não sentir

Atirar-me!?
Mais uma vez ???
Sei não

Frio que percorre a alma...
Alma que persegue o vento...

Seja lá o que for,
Estou a caminhar,

Encontrar Iemanjá,
Ou uma flor à beira mar...”



Sampa, julho de 2007.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Estrela Minha



Imagem retirada do site: http://www.flickr.com/photos/takao/382691647/

Pressa?!
Como apressar o expelir das palavras, uma vez que estas fogem encabuladas???
Como serenar se o destino prega peças a todo instante???
Impossível seduzir as estrelas quando os olhos se negam a mirar o céu.
Para encanta-las a labuta é exaustiva e é preciso seguir sem vacilo os 5 passos:

1º) Ficar atento aos sinais advindos do céu;
2º) Ter paciência;
3º) Caminhar desprotegido no sereno da madrugada;
4º) Adormecer com a face encostada no seio da lua; e, por fim...
5º) Cantarolar alegremente:
“Sol, entenda o meu drama
Deite-se na cama e permita ao meu amor, amanhecer.”


Sampa em algum boteco do Arouche, 13 de julho de 2007.



Musica do Dia:

Chico César - Flor do Mandacaru



Manda,caru
Flor de mandacaru pra mim
Que é pra botar no xaxim
Em cima da televisão

Manda, caru
Uma flor dessa do sertão
Uma flor de cardo
Pra alegrar meu coração

Só pra guardar de recordação
Do tempo da meninice
Pois de recordar carece
Como uma prece sem fim
Manda, caru
Flor de mandacaru pra mim

Pelo correio ou de caminhão
Num barco do são francisco
Peço que você se apresse
Que a saudade é ruim
Manda, caru
Flor de mandacaru prá mim

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Reflexão Imprescindivel...



Foto localizada no site: http://www.imanmaleki.com/en/Galery/sunlight.htm

quarta-feira, 11 de julho de 2007

O que não se faz por uma lavagem de prato?!

Todos os dias o almoço é coletivo. Faz-se a fila, pratos nas mãos, algumas pessoas que já passaram por essa fase encontram-se sentados saboreando o seu mais delicioso almoço.

Como é de costume e nada mais justo, cada qual se responsabiliza pela limpeza de seu prato após o término da refeição, ótimo.

Hoje não foi diferente, a não ser o tema: "O filme belissimo que vi no fim de semana".

Socializando essa felicidade com Nina e sugerindo que ela assistisse o mesmo, ela inicia o interrogatório.

- Ah, o filme é interessante??? Do que se trata?

- O amor entre um jovem de 18 anos e uma senhora de 80.

- kkkkkkkkkkkkkkkkkkk (Riso coletivo, acho que mais gente estava prestando atenção na prosa)

Outro que não a Nina inclui-se na conversa....

- Ah... então ela era a mocinha do filme???

- kkkkkkkkkkkkkkkkkk (Riso coletivo novamente)

Outro pergunta de lá...

- A senhora era rica né???

- Não, absolutamente. Ele que era possuidor de bens, ela nada tinha.

- kkkkkkkkkkkkkkkkk (Idem)

- Então, continuando. Os dois eram excêntricos tinham como hobby frequentar enterros, inclusive se conheceram num deles.

- kkkkkkkkkkkkkkkk (idem)

Outro sugere...

- Ah, ela deveria estar acompanhando os enterros para despedir-se dos amigos e como ela era a mais nova do enterro o garoto resolveu ficar com ela.

- kkkkkkkkkkkkkkk (Riso Geral)

- Mas e aí Paloma, prossiga... Ele casou com ela não???

- Ele tentou, além de comunicar à mãe o fizeram aconselhar-se com um padre, um general e um psicanalista e todos repudiaram tal idéia.

Outro lá do fundo grita...

- Mas e aí.. O que acontece??? Ela morre???

- Ah... não vou contar o final, né???

- (Em coro)... CONTA PALOMA...

- Que isso gente... ISso não se faz, não serei a chata da história.

- (Em coro novamente) AH NÃO... CONTA PALOMA...

- Quem irá lavar meu prato???

Nina (curiosa à ponto de ter um treco) prontamente retira-me o pato das mãos.

- Dá aqui que eu lavo, mas, conte o fim do filme.

- Então (com o sorriso de ponta à ponta, hehehehe)... Ele faz um festa surpresa para ela, e ...

(É gente, não contarei o fim do filme aqui no blogger, pois é chato fazer isso)

- MAS E AÍ... QUEM AÍ LAVA O MEU PRATO???

terça-feira, 10 de julho de 2007

Hoje acordei com um pouquinho de sono, mas, disposta a cumprir uma programação que no dia anterior havia planejado. Feliz da vida por ter acordado mais cedo, praticado exercícios, comido uma banana, e tomado um banho quentinho saí de casa numa paz que nem pisar na merda me roubaria o sorriso da face. Nesse meio tempo, vim refletindo sobre o cabelo branco que durante o banho me pousou na mão, sobre a chegada dos anos, sobre a falta de cuidado com o corpo, e a necessidade de o faze-lo o quanto antes, sobre os amores e desamores e paixões na terceira idade.
Eis que um filha da puta me rouba o sorriso, além de várias palavras de ódio e vários pensamentos lhe rogando uma praga para o resto da vida. É gente, hoje passei pelo teste do metrô lotado e um cara tarado (isso não é novidade para as mulheres paulistanas, pois acontece todos os dias). Sem maiores traumas e sem nenhuma neurose (já que sei bem me defender) deixo aqui minha indignação e repúdio aos homens e mulheres que ultrapassam o bom senso e colocam em prática os desejos da carne. Como qualquer pessoa já desejei outrem, já quis arrancar a roupa e jogar na parede quem me causava tamanho desejo (pessoas conhecidas ou jamais vistas), mas, nunca o fiz. E quando o fiz foi consensual. Caralho, agora impor isso ao outro ou faze-lo em surdina é absolutamente reprovável. Enfim... deixando esse dissabor de lado, falemos do que realmente importa.
Já comecei a talhar meu mais novo samba, que logo o cantarei aqui por entre essas bandas. É um samba alegre, simples, pra ser tocado em qualquer bodeguita e olha que de bodeguita eu entendo.
Bom... para finalizar e voltando a reflexão do início do dia... acho que estou ficando velha, até cabelo branco eu tenho, sambo com os dedinhos pra cima e agora só me falta entrar no banho de havaianas. Rs... O que me consola é os amores vindos na terceira idade, já vi tantos amigos de mais idade se apaixonando novamente, como se fosse a primeira vez. Já freqüentei muitos bailes da terceira idade, Bob e Patrick que o digam, nunca nos divertimos tanto como naquelas noite de forró suado. Jamais me esquecerei dos encontros casuais que tive com avós e avôs de amigas minhas às 4hs da matina com o umbigo encostado no balcão ou rebolando na pista de dança.

Ahhh... como indicação deixo aqui um dos filmes mais belos que já assisti em toda a minha vida...




Harold (Bud Cort) é um jovem de 17 anos soturno e misterioso com uma estranha obsessão pela morte, que gosta de espreitar funerais e de simular suicídios para chamar a atenção da sua mãe, uma socialite demasiado preocupada com o chá das cinco. Maude (Ruth Gordon) é uma anciã de 79 anos, alegre e vivaça, que também gosta de espreitar funerais, mas antes pela estranha obessão que nutre pelo ciclo da vida. Como considera a morte uma parte integrante da vida, frequenta os funerais com roupas de cores alegres e um guarda-chuva amarelo.
Juntos vão construir uma relação de amizade e amor, que vai quebrar tabus e preconceitos.

(Obs. essa síntese do filme foi a única que encontrei, mas, é péssima. Quem mesmo assim quiser vê-la na íntegra é só acessar o site: http://cinephilus.blogspot.com/2005/10/harold-e-maude-ttulo-harold-and-maude.html)

Ah... agradeço a Cris e a Kelly por me apresentar este filme, este foi mais um dos aprendizados que me fora proporcionado por essas duas grandes amigas. Agradeço também pelo fim de semana que foi ótimo, pela água de cocô, pelo passeio de moto e pelos conselhos bem oportunos. Um beijo com carinho em vocês

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Sexta...

Mundo aos meus pés
(Los Hermanos)


Nada parece tão só quando estás aqui pra me dar seu amor
Quando estás aqui pra me dar seu desejo
Meu bem você traz o mundo aos meus pés, mundo aos meus pés

És a rosa que brilha no sol
És estrela de luz sobre o luar
És o amor de mais pura emoção
És verdade entre o céu e o mar
E o mar não há de ir

Embora pareça que estou apenas contando histórias de amor
Eu já não sabia mais como dizer que eu te quero tanto.
Brilhas como o sol

És a rosa que brilha no sol
És perfume de rosa na mão
És a cura mais forte pra dor
És certeza entre o sim e o não
E não amar você é
Loucura

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Uma canção singela, brasileira...

“Ontem me veio a idéia de escrever uma canção. É, nos tempos do cólera que a inspiração transborda. Recordo-me de uma amiga lacaniana dizendo que isso chama-se sublimação, acho que é isso, sublimação. O ato de transportar para arte (se é que meus escritos podem ser assim denominados) os sentimentos, sejam angústias, felicidades, enfim, tudo que permeia as dores humanas. Para não escrever bobagens resolvi buscar o sentido da palavra num dicionário que tenho às mãos, este diz:

SUMBLIMAÇÃO, s.f. Ato ou efeito de sublimar; transformação do impulso vulgar a domínio religioso, metafísico ou artístico.”

Bom, não confio muito em dicionários, pois eles são preconceituosos. Assim, se alguém souber realmente o que a psicologia fala sobre o tema, fique à vontade para expor a verdade aqui neste cantinho.

Então, voltando... mas, não escrevi a canção não. Tenho certeza que ela seria das mais melancólicas, daquelas de que o pai foi comprar o cigarro na esquina e nunca mais voltou, deixando a mulher com 7 barrigudinhos pra cuidar.

Hoje até poderia escrever uma canção, só que teria de ser um samba, pois o samba é alegre, sacana. Lógico, tem aqueles de desilusões, mas, mesmo estes têm um sabor de pecado.

Cartola é foda. Corre atrás do perdido sempre. Depois de fazer as cagadas escreve à mulher amada ...“volto ao jardim com a certeza que devo chorar, pois bem sei que não queres voltar para mim”... Já Vinicius é o conquistador nato, chuta de escanteio e marca de cabeça (tá vendo? Também entendo de futebol – lembranças das aulas de futsal motivadas por uma paixão pelo técnico) “e na luz dos olhos teus, eu acho o meu amor e só se pode achar.. que a luz dos olhos meus precisam se casar”... o cara falava até em casório, pode? Se não bastasse, ele era como aqueles bandidos que além de vender a mãe a entrega... pois é, ele dizia que ia casar e casava, nove vezes, nove vezes, nove vezes.

Pensem, 9 vezes conhecendo a família das noivas, fingindo gostar da comida, 9 sogras e 9 sogros, 9 vezes agüentando os cunhados malas e fazendo gracejos com os sobrinhos... Ai ai ai... isso não é pra qualquer um.

Bom, vou parando por aqui minha paranóia delirante, pois ainda tenho de andar pelas ruas de Sampa, pegar o metrô dos exaustos (essa hora é a volta para cara casa de quem saiu às 5hs da matina, não é à toa que entram em transe no vai e vem do trem) e ainda topar com os migrantes do Brás que tentam se esconder do frio com uns pedacinhos de papelão.”

quarta-feira, 4 de julho de 2007

O que sobrou...

“Resta-me um tempo limitado, preciso, mas, resta-me...
Resta-me um pouco do desejo de outrora,
Resta-me também a admiração que por horas torna-se desencanto...

Resta-me um desejo de vida,
de paixões,
Mas, resta-me o cansaço de viver tudo outra vez...

Resta-me o compromisso descompromissado com as coisas do dia a dia,
Resta-me à vontade de nada fazer,
apenas calar, e
embalar-me nos braços da noite,
que me acariciam e me acolhe tão amavelmente...

Resta-me um pedaço de ar,
e um suspiro preso no passador”

Sampa, 04 de julho de 2007.

Quarta...

Años
Mercedes Sosa
Composição: Pablo Milanés

Mercedes sosa & fagner

Años

El tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer
En cada conversación cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo de razón

El tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer (como ayer)
En cada conversación cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo de razón

Vamos viviendo viendo las horas
Que van pasando las viejas discusiones
Se van perdiendo entre las razones
A todo dices que si a nada digo que no para poder construir
Esa tremenda armonia que pone viejo los corazones

Porque el tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer
En cada conversación cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo de temor

Vamos vivendo vendo as horas
Que vão passando as velhas discussões
Vão se perdendo entre as razões
A tudo dizes que sim a nada digo que no para poder construir
Esa tremenda armonia que pone viejo los corazones

El tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer
En cada conversación cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo de razón

Porque el tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer

terça-feira, 3 de julho de 2007

Canceriana Convicta



Olhos de Jardineiro
Zé Geraldo
Composição: Zé Geraldo

Esperar
é acreditar
A vida me ensinou a esperar

Quantas vezes eu quis ter
um jardim pra te dar
Quando tinha a terra
faltava a semente
Quando tinha semente
vinha a chuva forte
e levava tudo embora

E pra complicar
Andei por caminhos
tortuosos
Foi difícil voltar

Tivemos noites de vendavais
E em noites de vendavais
o dia demora a chegar
E foi assim

Ainda bem que desses anos todos
guardamos restos de sonhos
Rabiscos, pedaços de versos
Canteiros do nosso jardim
Vem ver

A Primavera floriu
Flor de Maio tá tão linda
Inda nem é abril
Onze horas sem-vergonha
dá por todo lado
Beija-flor apaixonado todo dia vem beijar
e contar os botões
que ainda tem pra abrir
E partir em busca
de outras flores
em outros jardins

Já estive com outras flores
em outros jardins
Hoje estou aqui
pra te regar
te proteger dos ventos
Te cuidar
Te servir
pra o que for
Os olhos do jardineiro
é que abrem o botão da flor

Parabéns Lindona.
Beijo Grande

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Música do Dia

Diz Que Fui Por Aí
Luiz Melodia
Composição: Zé Keti / Hortêncio Rocha

Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando um violão debaixo do braço
Em qualquer esquina, eu páro
Em qualquer botequim, eu entro
E se houver motivo é mais um samba que eu faço
Se quiseres saber se eu volto diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim

Eu tenho um violão para me aconpanhar
Tenho muitos amigos, eu sou popular
Eu tenho a madrugada como companheira
A saudade me dói no meu peito me rói
Eu estou na cidade eu estou na favela
Eu estou por aí sempre pensando nela

Pensando nela... Pensando...

Resposta: O amor chega assim, calado na surdina. Quando não esperado nem planejado é ainda melhor.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Meus amigos..





Paloma, David, Rafael e Thiago... Michele não quis tirar fotos

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Amizades Inesperadas...

"Welington chega com suas balinhas de 1 real e nos oferece, conversado, sorridente, meigo, um sorriso malandro e expert em percussão. Batucamos na mesa acompanhando a canção que tocava, ele mandava bem. Com as mãozinhas pequenas e com duas moedas fazia um som diferente, só que foi-se embora depois que tiramos uma foto e eu fiz chifrinho nele, acho que não curtiu a brincadeira, eu não sabia que era tão genioso.
Logo depois chega o Rafael e diz:
- Farei uma charada e quem não acertar compra de mim um pacote de chicletes, certo???
“Eu e meu irmão saímos de São Paulo rumo ao Espírito Santo, no meio do caminho encontramos 2 amigos e cada um deles tinha 2 filhos, quantas pessoas foram para o Espírito Santo???
- Ah, essa é fácil... 8 né Rafael?
- Você, você, você e você (apontando com o dedo) terão de comprar meus chicletes, erraram a charada...
- Erramos nada meu, são 8.
- Só eu e meu irmão fomos para o Espírito Santo, então são 2 e não 8, porque nosso amigos apenas encontramos no caminho... hahahaha
- Ta certo, ta certo...
Foi assim que começamos a conhecer essa figurinha, tinha 12 anos e estava na 4ª série, o acompanhara até ali dois irmãos e um vizinho que conhecemos instantes depois. O vizinho era David, mais alto e retraído diferente de Rafael que era expansivo. David conhecia algumas canções do Racionais até cantou para nós num momento de descontração. Todos ali tinham algo em comum, amavam funk. Me ensinaram uma canção que era mais ou menos assim (foda que só lembro do finalzinho):
“tremi, tremi a cabaça”
Ah, detalhe, eles não sabiam o que era "cabaça". O Thiago o mais inquieto e o mais carente tinha 10 e ele acreditava que cabaça era um “soco no olho”. Bob explicou-lhe que “cabaça” servia como recipiente para armazenar água, como também, para compor o berimbau (instrumento musical). E assim, conseguimos chegar a uma melhor definição do que seria “cabaça”. A Michele era a mais calada, e a única menina do grupo, era tomada de uma timidez que fora pouco a pouco quebrada. Descobri que ela era do signo de peixes, o mesmo que o meu só que ela só tomou conhecimento disso após 11 anos de sua vinda ao mundo, quando lhe contei que a pessoa nascida no dia 4 de março era de peixes. Não sei bem para o que essa informação poderia lhe servir, mas não deixei de comunicá-la.
O mais esperado da noite que causou febre e espanto nos nossos novos amigos, foi quando Merlyn tirou as lentes de contato para provar-lhes que pouco enxergava sem as mesmas, e que estas eram como óculos para ela. Teve que fazer isso 2 vezes, porque Thiago não tinha visto da primeira.
Findamos a noite com um brinde de coca-cola e saboreando um lanche bem gostoso, que Giane fez questão proporcionar. Eles tiveram de ir embora, visto que já estava quase na hora do metrô fechar e eles ainda precisavam chegar em Guaianases. Combinamos de nos reencontrar, talvez no sábado... se tudo der certo. De qualquer maneira, eles ficaram com nossos contatos e conosco a felicidade de ter conhecido uns pequeninos tão bacanas, além da foto de despedida."

Sampa, junho 2007.

Músicas do dia...

Pois é gente bela, foram tantas músicas desde o amanhecer até agora que ficou difícil escolher apenas por uma.
Passei pelos amores de Cartola, pelos caminhos de uma música que não sei de quem é, mas é mais ou menos assim: "ela chorou para não vê-lo chorar agarrado à saia dela" laialaiá
Mas, por fim, escolhi esta aqui, que segundo Dona Sabrina o Gil (mais apaixonante depois que assumiu a função de Ministro... palavras dela ainda..rs) escreveu para Sandrão, sua ex-companheira, após o término da relação. Ela acha que se alguém escrevesse uma canção para ela após o término da relação, isso seria o fim ... rs... Sei não, sei não...

DrãO
Gilberto Gil


"Drão o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada pela estrada escura
Drão não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão, estende-se, infinito
Imenso monolito, nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminha dura
Cama de tatame pela vida afora
Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morrenasce, trigo, vive morre, pão
Drão"