quarta-feira, 10 de outubro de 2007

25 de Março...

Não sou atacadista, nem compro em São Paulo pra revender no interior produtos importados da 25 de março. Eu sei que era véspera do dia das crianças e me encontrava na rua mais movimentada da Capital, veja isso:




Mas não, absolutamente não! Eu não tenho filhos, não tenho sobrinhos, afilhados e nem deixei de viver plenamente minha infância.
Não procurava brinquedos, muito menos liquidações.

Fui lá pra encontrar a Ana (olha o lugar que a mulher escolhe pra encontrar alguém), eu interiorana que nunca havia ido na 25 e ainda mais na véspera de uma data comemorativa. Resultado: cheguei com 30 minutos de atraso.

Depois de perguntar para o vendedor de bebidas ambulante, para uns milicos que estavam acompanhando o bom andamento dos transeuntes e para um lojista, descobri onde ficara a travessa “Ladeira Porto Geral”, corri, trombei em alguns sacoleiros, mas cheguei na esquina onde ela me esperava. Braços cruzados, já impaciente pela demora, mas com o mesmo olhar inquieto de tempos idos.

Nem tive tempo de me desculpar pela impontualidade, pois já respondia o questionário “porque tu ta vindo daquela direção???”... – “bom, foi a única saída do metrô que me ensinaram, não conhecia a outra e por isso tive de dar uma volta imensa da Praça do Anhangabaú até a famosa rua”. Era de esperar que eu me perdesse, visto que não sou daquela terra.

Mas vamos ao que interessa.

Apesar dos contratempos tínhamos de cumprir uma missão e essa era de grande valia. Estávamos naquela rua para comprar o MUNDO. É isso mesmo, o MUNDO! Procuramos em diversas lojas e nada. Andamos, andamos, e depois de muito andar numa minúscula loja em que mal cabiam duas pessoas, Ana encontrou o MUNDO. Não era bem como ela imaginara, mas era azul, e por isso resolveu levar. Além de levarmos o novo MUNDO embaixo do braço numa sacola preta, ainda conseguimos a nota fiscal, “conseguimos” não, “Ana” que conseguiu, por mim a nota era indiferente já que tínhamos o MUNDO em nossas mãos.

Engraçado, pois hoje pensando um pouco mais, vi que essa mulher que se prende em burocracia, que se preocupa e fica brava por uma nota fiscal ou por compras de DVDs piratas, é também quem vê num simples guarda-chuva um mundo em potencial e ainda convence outros de que realmente um outro mundo é possível.



De uma América à outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo


Terminamos nosso encontro proseando coisas da vida numa lanchonete qualquer. Já não via mais aquela apreensão em seu semblante, via apenas um sorriso descontraído.

Fui embora feliz por ter contribuído com o sonho do guarda-mundo.

Um comentário:

Girotto disse...

Uma verdadeira aventura. Com final feliz e tudo.
Passarei sempre por aqui.

Até mais.