quinta-feira, 13 de março de 2008

Meu Aniversário...


Completo hoje 23 anos de residência nesse mundo. Foi em 85 numa cidade do interior do Paraná que Dona Zô, Seu Toninho e o pequeno Patrick me recebiam. Vim sem saber o pra quê vinha, coisa que até hoje não descobri. Na infância tinha sempre comigo nas festinhas que meus pais realizavam, a companhia do Muka, Maicon e João, meus grandes amigos. Não é raro encontra-los nas fotos antigas, muito pelo contrário, dá até para acompanhar o crescimento anual de cada um deles.
Durante muito tempo os bolos do meu aniversário eram de brigadeiro, meu predileto. Gostava muito de completar anos, pois sabia que eu receberia presentes, e quando via que se tratava de um pacote molengo, já me frustrava e nem precisava abrir o presente. “Porra, eu não brinco com roupas”. Na verdade eu não necessitava de roupas, como uma boa bisneta de índia andava pra cima e para baixo com os pés descalços e bermuda. Odiava pentear os cabelos e usar camiseta. Nunca fui menina vaidosa, em meus princípios o conforto sempre vinha em primeiro lugar e isso ainda persiste. Patrick nesta época era exemplo de astúcia, aprendi com ele a conduzir relações, tanto para o bem, quanto para o mal, e essa ultima era a regra. Criança tem natureza sacana, a travessura faz parte da infância, ao menos comigo foi assim e é por isso que hoje temos tantas passagens para contar.
Recordo-me bem que as previsões de Nostradamus me levava a crer que eu não chegaria aos 15 anos, e isso era uma tanto angustiante. Mas, fazer o quê se era inevitável? Pelo menos eu não iria sozinha, iríamos num rebanho mundial.
Bom, 2000 passou e o mundo não acabou. Tive a festa dos 15, foi legal, porém o que eu mais me recordo dela, além da música “Primavera se foi e com ela meu amor...” foi a ausência da minha amiga Magda. Diz ela que não a convidei – tem trauma por isso até hoje – só que o que ela não sabe e nem desconfia é que os dias vividos em sua companhia me marcaram tão profundamente que eu trocaria qualquer festa para ouvi-la cantar, ou até mesmo escutar suas historinhas engraçadas (hehehe).
No ano passado meu aniversário foi marcado por uma fortíssima crise existencial que teve seu ápice quando recebi um telefonema do meu pai que me contava como foi o dia em que eu nasci, chorei copiosamente. E esse ano ele repetiu a mesma façanha, só que desta vez ele escreveu e reproduzirei aqui suas palavras. Mami também ligou, escreveu, disse para eu escolher bem a cerveja que tomarei e bebê-la com moderação... rs Amo-a.
Hoje, depois de tanto tempo, brinquedos, festas, bolos são dispensáveis. Minha felicidade me acompanha e a possibilidade de reviver cada um desses momentos (lembrar dos amigos, dos meus pais, meu irmão e dos aprendizados conquistados) me enche de alegria.

E-mail do Pai Pai:

“Queridinha,

13 de março de 1985
Era um dia bonito, trabalhei parte do dia e,por volta de 16:30 hs., daí em diante me dediquei a acompanhar e proteger a Zolandia, pois ela seguiria para o hospital e entraria em trabalho de parto por volta das 18 hs.

Eu estava um pouco apreensivo e um pouco tranqüilo, pois estávamos assessorados por Dona Zoraide e Dona Severina,as duas pouco conversavam, havia no ar uma guerra de surdos, D.Zoraide não aceitava muito a afoiteza de D. Severina, achava que ela se metia muito, pois tudo fazia para a Zolandia,desde a limpeza da casa até as boas comidinhas para grávidas,além de cuidar um pouco do Patrick que volta e meia aparecia cheio de barro e escoltado por um bando.

No corredor do hospital,eu D.Zoraide e D.Severina, 18hs da tarde aguardávamos algum sinal vindo da sala de cirurgia, segundo e minuto parecia uma eternidade, as vezes, quando dava um espaço D.Zoraide cochichava no meu ouvido "esta Severina é muito exibida,não tem nada que se meter,olha o jeito dela, a neta é minha, se ela quisesse uma que mande as duas filhas dela parir, eu não vou com cara dela", tudo isso era muito divertido.

18hs30 nasce Palomita, seu choro ecoou no hospital e no mundo, eu chorei de emoção, minhas assessoras também choraram, nós a esperávamos com muita ansiedade e com muito carinho...

2 dias depois Patrick me forçou a organizar sua entrada clandestina no hospital,queria ver a mãe e te conhecer, falei com o médico e entramos pelo fundo, pouco antes da saída fomos descobertos pela enfermeira padrão e como não poderia deixar por menos ela nos deu UMA BOA MIJADA.
Assim é um pouco da tua historia, assim é um pouco da nossa historia.

PARABÉNS QUERIDA,PARABÉNS POR TODA A VIDA
PAI,PAI... “