segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Constatação...



Mais uma vez volto a falar do nosso tão ordinário amor
Por ser ele tão incomum
De difícil compreensão
Mas que é

É,
Ser
Existir
Sinônimos do que temos
Distante de um planejamento
Que tenha dado certo
Nada convêncional
Pra uns, até impróprio!
Amo outros olhos
Que não são seus
Amas outros olhos
Que não são os meus

Cientes disso seguimos
Mãos dadas
Bocas coladas
E completamente desenganadas...



NOSSO AMOR
Dante Ozzetti/Luiz Tatit


se falei de você

só falei por falar

(não tinha mais de quem falar)



só sonhei com você

pois não pude evitar

(temos que sonhar)



se fiquei com você

só fiquei por ficar

(quem fica fica por ficar)



se aceitei seu amor

aceitei sem pensar

(não sei recusar)



se ainda estou com você

inda estou por estar


nosso amor afinal

não tem nada de especial

não é paixão

não é fatal

não é assim essencial



nem é só sentimento

circunstancial


não é tanta coisa

mas é tão legal!



infeliz de quem vem

até aqui me buscar

(quem busca adora rebuscar)


e me vê com você

vendo o tempo passar

(é só o que verá)



sem saber se esse amor

inda vai decolar

(se cola pode decolar)



eu por mim tudo bem

deixo assim como está

nosso amor se tornou

uma história singular
é só calor e se calar


é só compor sem cantar
nosso amor se espreguiça

só quer vadiar

vai passando os dias

sem se entediar


uma das dúvidas típicas

que ficam no ar:
como que um amor

que não quer nada

pode continuar?

nosso amor

não cansa de durar

sempre foi assim

sempre será

não se pode esperar muito disso

mas também por que esperar?
se falei de você

só falei por falar

(não tinha mais de quem falar)

se fiquei com você

só fiquei por ficar

(quem fica fica por ficar)

infeliz de quem vem

até aqui me buscar

(quem busca adora rebuscar)

sem saber se esse amor

inda vai decolar

(se cola pode decolar)


Fé Baiana (inédias, antigas e até então não publicadas)



Minha pequena
Ah... que a paz advinda das águas da Bahia
E a esperança do coração baiano
Me possam guiar

Ah... que a fé daquela terra
Não me permita desesperançar
Vacilar
Jamais

Ah minha menina
Quero que queime minhas mãos
Ao escrever-te
A mais bela rima

Desenhar-te com a precisão
Dos artesões
E com a calma de Caymmi
Te compor

Pintarei teu corpo
Com a aquarela
Das fitas
De Nossa Senhora

Ah minha pequena
Te cantarei
Alto e em bom tom com a força de Maricotinha... para que não reste dúvidas.

Por fim meu bem
Desejo ver-te
Com a meninice de Gabriela
Aquele encantamento que é tão seu e dela.


São Paulo/SP, 06 de novembro de 2008.

Saudades... (inéditas, antigas e até então não publicadas)



Corro léguas quando vejo o Teatro São João
Lembro do tablado
Dos atores
As atrizes
E de ti

Sorrio quando vejo seu sorriso no retrato
Sinto saudades
Acho graça
Falta de ti

Nem posso pensar em ouvir tua voz
Morreria de algum mal do coração
Um treco
Morreria de ti

De ti fico aqui
Olho acolá
Esperando
Você chegar...

São Paulo/SP, 05 de novembro de 2008.

Boas Festas!


Mais um entre tantos...
É, dois mil e nove está aí batendo na porta e dois mil e oito se despede. Tantas coisas a serem agradecidas e outras tantas a serem realizadas. Pessoas distantes tornaram-se próximas enquanto outras tão próximas se tornaram distantes. Sonhos concretizados e outros pela própria inviabilidade de ser, ficaram aí, a esmo, nos campos dos desejos impossíveis. Pensei e senti que amava, amei alguém distante que não sabia ser amada. Senti o sabor de beijos inesperados e toquei tantos corpos na busca daquele que muito me apetecia. Descobri que a casualidade faz um bem danado pro ego e que indiscutivelmente a espera por uma felicidade é a persistência mais burra do ser humano. A felicidade está em cada esquina e sem dúvida alguma nos momentos de menos espera e maior descontração. Descobri também que o melhor amor é o próprio...
Descobertas tão óbvias que só se revelaram com o tempo... pois, é... o meu foi agora, em 2008.

Saúde amigos...
Um brinde à vida, meus amores e minha família...
Que venha 2009...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Contemplação...




"Foi algo novo para mim. Ignorava as manhas da sedução e sempre tinha escolhido ao acaso as noivas de uma noite, mais pelo preço que pelos encantos, e fazíamos amores sem amor, meio vestidos na maior parte das vezes e sempre na escuridão para imaginar-nos melhores. Naquela noite descobri o prazer inverossímil de contemplar, sem as angústias do desejo e os estorvos do pudor, o corpo de uma mulher adormecida."


(Gabriel Garcia Márquez em Memória de minhas Putas Tristes)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ela chorou...



Sabe quando inesperadamente risca o céu o cair de uma estrela e tu abobalhada só a admira boquiaberta e aprecia calada tão rara beleza??? Foi assim quando me deparei com ela aos prantos, olhos verdes avermelhados. Sabia muito pouco de sua dor, mas, ela chorando era tão bonito, não pelo fato de sofrer, mas, pelo fato de sentir, sentir tanto e tão profundo que não continha as lágrimas. E eu ali, estática, como que contemplando a mais suntuosa obra. Quando não pude mais calar soltei poucas, mas verdadeiras palavras:
- “você chorando é tão bonita”... nesse momento ela sorriu e o dia amanheceu.