quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O que fazer???



"Pegou-me a mão
Disse-me que há muito me amava
e sorriu encabulada...

Rodopiou na pista,
e voltou faceira
mordendo-me a beira...

Calou-me com um beijo
Despiu-se afobada
e adormeceu... heim!? Adormeceu???! "

P.P., 06 de novembro de 2007.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Um tanto complexo...

"Erro a senha do banco
Perco o ônibus
Nâo sei se amanheço
Nem sei como cheguei...

Deixo-te à pouco,
assim como um louco
beijei-te a boca
e mal me vês...

Talvez creia no indivíduo,
no óbvio,
no presente,
no concreto...

Talvez creia no sonho,
nos sentidos,
no frio que percorre a espinha,
e no ardor do desejo...

Talvez eu seja assim,
um tanto de mim,
no vácuo
e no cheiro de jasmim...

Quem sabe a volúpia dos meus beijos,
o carinho dos meus toques,
meu susurro,
seja um grito mudo...

Quem sabe a falta dos meus óculos,
a distância do meu ser,
não me deixe ver
um pouco de você...

Assim, sem razão,
o calor do meu corpo,
aquece outros,
e arde em calor.

Assim, a vida pulsante
aflora a necessidade de minha pele
às vezes sem poesia,
e mesmo assim nos dá alegria..."

domingo, 4 de novembro de 2007

"No dia em que vim-me embora..."



“Chegamos lá num dia chuvoso. A ansiedade era tanta, que chuva não nos impediu de ocupar aquele novo mundo. Recordo-me bem que hesitara antes o fato de mudarmos de cidade, dizia veemente: “Só saio daqui amarrada!”. Era a primeira mudança de minha pacata vida, pelo menos uma mudança consciente, pois a primeira eu era muito nova para expressar meus sentimentos.

Deixar a cidade onde nasci e vivi 11 ou 12 anos era pra mim inimaginável. Eu tinha o Muca, uma Croizinha e o meu beco sem saída. Vê-se que não era muita coisa o que me prendia lá, é, talvez os 12 anos que eu imaginava deixar para trás.

Mesmo com o céu desabando, a nova casa nos acolhia. Tinha um belo jardim e janelas grandes. Encantava-me tanta harmonia, suas formas horizontais conjugada com a proximidade da natureza. Quantas vezes naquela sala ficávamos aflitos vendo o desespero dos beija-flores quando entravam e não encontravam a saída. Eles batiam com a cabeça na parede, nos vidros, e não percebiam que a liberdade estava um pouco mais abaixo, era só ter paciência.

Hoje dez anos depois, o dia também era chuvoso. O jardim era ainda mais encantador, minha mãe plantou muitas arvores e flores que hoje reinam exuberantes e acolhem os pardais, os beija-flores, as maritacas, e por incrível que pareça justo neste fim de semana recebemos a visita de um tucano. Bem que escutei uma conversa diferente no pé de limão, eles conversavam tanto que não me deixaram dormir.

Organizar os livros, selecionar os cds, arrumar minha mala, beber umas nos Pouso da Garça acabaram por ser uma fuga. Não andei pelo jardim, pouco mirei o céu que sempre me encantou, não nadei no rio, deixei de encontrar alguns amigos, visitar algumas casas que era praxe quando eu ia pra Teodoro. Brinquei um pouco com o Betolven (é ele ficará, assim como nossa casa, nosso jardim, nossa mesa de pedra). Fazer o trivial me feria. Andar descalça naquela grama ou fitar o céu era algo como tirar-me a pele.

Nessa nova mudança não expressei minha opinião. E se alguém me questionasse eu iria apoiá-la certamente. Agora as perdas seriam maiores. Não tinha mais uma bicicleta, um beco e um amigo. Tinha um rio, um morro, um céu estonteante e o jardim. A sensação de não mais vê-los com freqüência me dói o peito.

Sei que as amizades que conquistei e que me cativaram ainda permanecerão mesmo que distantes, assim como foi com o Muca. Não temo mais os quilômetros, o tempo, as coisas que ficaram. A minha história, os momentos bons que passei naquela terra, naquela casa, os aprendizados, esses sim, caminham comigo pra onde quer que eu vá. Terei comigo as madrugadas, os tererés, as longas prosas. Terei comigo os sorriso dos amigos que me marcaram tão profundamente. Terei o mesmo compromisso com o meu povo, que nasceu naquelas bandas.

Perdoe-me os amigos que não abracei, que não me despedi, creiam, os meus sentimentos transbordariam e faria de um momento alegre algo doloroso.

Deixo aqui meu beijo grato e fraterno a todos aqueles que nestes dez anos conviveram comigo e com minha família. Minha nova casa não terá jardim, nem beija-flores, não dá pra ver o rio e nem o morro, o céu de lá é um tanto rosado, mas saibam que os sentimentos, as crenças e a felicidade ao ver chegar um velho amigo serão as mesmas.”


Caminhos me Levem
Almir Sater
Composição: Almir Sater e Paulo Simões

"Amanhã bem de manhã
Vou sair caminhando ao léu
Só vou seguir na direção
De uma estrela que eu vi no céu
Pra que fingir que não devo ir
Caminhos me levem
Aonde quizerem
Se meus pés disserem que sim

Vejo alguém seguindo além
Eu aceno com meu chapéu
Pois tanto faz de onde ele vem
Pode ser algum menestrel
Que vai e vem, sempre
Sem ninguém
Caminhos te levem, aonde puderem
Se teus pés quizerem assim

Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas tente compreender minhas razões

Já faz um tempo
Em que eu vivi
Feito linha de um carretel
Olhei em volta então me vi
Prisioneiro de um anel
Não resisti
Foi bem melhor partir
Perigos me esperam
Abrigos não quero
Que meus pés decidam
Por mim

Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas é nosso dever fazer canções"