sexta-feira, 16 de maio de 2008

Para uma menina com uma margarida...



"Depois da última noite quando vi que o seu sorriso confuso
era apenas reflexo do seu abraço indeciso...
Quando me abraçava num gesto de entrega, e
logo em seguida reprimia-o.
Meus gestos deixaram de ser honestos
Passei a evitar o seu olhar
Segurei minhas mãos para que elas não te tocassem
Contive palavras que se agitavam loucas
e quase saltavam rebeldes
para lhe dizer àquelas obscenidades ingênuas
que costumava confidenciar-lhe num sussurro.
Escutei atenciosamente seus devaneios,
suas novas paixões,
suas indecisões, sem ao menos saber que ali estava
apenas para ficar junto à ti.
Desejei outras mulheres,
cortejei algumas ilusões, mas,
no fim da noite quem estava ao meu lado era você.
Nestas idas e vindas restou-me apenas a “confissão”
Solto essas palavras que sopro ao vento...
é a sinceridade retomando o seu lugar”

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Desapego...

Faz um tempo que surgiu em minha vida uma palavra que até hoje me atormenta. Atormenta-me, não por inexistir sentido etimológico que a conceitue, mas, pela necessidade e imposição de exercê-la.
A ouvi pela primeira vez atirada pelos lábios de quem naquele momento eu desejava muito. Isso foi um tanto difícil, porém instigante. Desde então, vim degustando, construindo um conceito próprio e próximo do que seria o “DESAPEGO”. Posso dizer que só compreendemos o desapego quando somos obrigados pelas circunstâncias a nos desapegar.
Para o dicionário:
- Desapego: falta de apego, desprendimento;
- Desapegar: desprender-se, desapegar-se, desgrudar-se;
- Apego: sentimento de afeição por pessoa, coisa ou animal. Agarramento;
- Apegar: manifestar muita afeição a bens materiais. Dedicar-se com afeto; afeiçoar-se.
Neste momento encontro-me impelida a desapegar-me. Não como da primeira vez quando se tratava de uma única pessoa, agora a questão é mais ampla. Diz respeito a despedir-se de uma cidade, de amigos, da faculdade, trabalho, projetos, sonhos.. ou seja, de uma vida.
Saber que tu não conviverás mais com aquilo que é constante é no mínimo estranho. Com a conclusão desta fase de minha vida ire-me embora do meu querido e velho Pontal (terra de gente trabalhadora). E saber disso, já implica em renunciar a certas coisas mesmo ainda não tendo partido. É um ausentar-se estando presente.
Enquanto vivo este momento de desapego forçado e querido, aproveito para sentir minuto a minuto a vida que há pouco não será mais minha. Assim, creio que as lembranças serão mais vivas, de sabor adocicado e com leve pitadas de canela.

(Texto escrito em fevereiro de 2008)