sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Bem vinda...


Foto: Vicente Sampaio


"Do céu caíram algumas gotas...
E em nenhum momento pensei em correr,
Pensei sim, em ficar, em sentar no meio fio e com os olhos fechados sentir o gotejar das lágrimas das nuvens em minha boca escancarada.
Assim como fazia nos tempos idos, lá no beco Tocantins, quando em dias de chuva despidos de qualquer roupa e malícia ficávamos Murilo, Patrick, Maicon, João, Paulo e eu, deitados nas enxurradas vendo o tempo passar e rezando para que a chuva demorasse a ir-se.

É, meu universo era aquela rua, onde os sonhos se davam em abundância, onde o imaginar não era contido pela hipocrisia da dita conveniência social. Lá éramos quem queríamos ser, os pés descalços entravam em qualquer recinto sem serem rechaçados, eram eles marcados por cicatrizes dos cacos de vidros, dos “tampões” que arrancávamos constantemente nos tropeços da vida. Fomos uma trupe, um bando, uma quadrilha, uma seita, sei lá o quê, só seique fomos. Praticamos também pequenos ilícitos, quando, por exemplo, roubamos biquinhos de pneus, fosse de carro, bicicletas ou motos. Os mais valiosos era os “cromados”, segundo o Murilo. E foi com o “Muka” na fila da primeira confissão que nos obrigaram a fazer, que eu expunha minhas dúvidas:

- Mu, roubar biquinho de pneus é pecado???
- Ah Rata, sei não... você acha que devemos contar para o Padre???
- Não sei. E se ele contar pro nossos pais???
- Vixi, estamos ferrados.

Com este mesmo comparsa, convenci o “Macaco” (Danilo) a murchar o pneu do carro da Ione, uma das vizinhas mais implicantes. Não bastasse levarmos o moleque ao atrevimento, ainda chamamos a Ione para ver o ocorrido.

Quanta maldade Senhor.
Isso não é nem metade do que fizemos.

De pecado em pecado vivíamos – na compreensão dos ensinamentos católicos-, e o céu, a chuva, a rua, a “nossa” rua, eram cúmplices de nossas malandragens, de nossas desobediências, intactas de vícios e de culpa.

Por me proporcionar momentos de tão agradáveis lembranças, por me levar a esse tempo que não volta mais, saúdo você querida chuva, abro meus braços e deixo-te percorrer o meu corpo. E se depender de mim, a esperarei todas as tardes com um sorriso de boas vindas."


P.P., 28 de setembro de2007.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Quando cheguei de repente...

“Vim apenas para acabar com o seu deleite noveleiro
Roubar seu sorriso
Esconde-lo embaixo da camisa
E correr pro meu esconderijo

O guardarei com apreço
E antes do nascer do sol
Farei uma prece
Pedindo para que eu sempre o mereça

Quero assim, numa noite estrelada
Sair em plena madruga
Espalhando seu sorriso pelas calçadas

E quando me perguntares:
O porquê de tanta farra
Responderei sem amarras
assim, logo de cara:

- Sou da boemia companheira,
e do samba passista,
toda vez que me sorri
quando entro inesperadamente
pela porta do seu quarto”

Assim como um trago...


"Créditos: Cris que achou essa foto na internet"



"Tu és como cigarro de cravo,
finda e deixa um gosto adocicado nos lábios"


Presidente Prudente - SP, 2007.

Paloma

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Cárcere?!

"Causam em mim um fascínio encantador a liberdade e as pessoas livres.
Mas sofro tanto quando as vejo ir,
e corro quando me pedem pra ficar..."

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Simone de Beauvoir



Uma das fotos mais lindas que já vi (Meu pai que o diga, rs).
Sensualidade vinda de gestos simples.
Mais sobre Simone veja: http://www.simonebeauvoir.kit.net/



Quer me agradar???
Me dê um livro de Simone de Beauvoir.
É só escolher:

A obra de Simone de Beauvoir desenvolveu-se basicamente em três direções: Romances, Memórias e Ensaios.


A Convidada | L'Invitée | 1943
O primeiro romance publicado de Beauvoir narra os conflitos de uma mulher de 30 anos, Françoise (uma espécie de alter ego da autora), e seu envolvimento num trio amoroso: ela, Pierre Labrouse e a enigmática Xavière, jovem que exerce forte atração no casal. Ambientado no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, o livro disseca o amor em todos os seus meandros: ciúme, decepção, frustração, raiva, incerteza...


O Sangue dos Outros | Le Sang des Autres | 1945
O segundo romance de Simone retrata o conflito de um membro da Resistência durante a Segunda Guerra Mundial. Repentinamente, Jean Blomart se vê forçado a optar entre o engajamento social e o dever pessoal. De acordo com o pensamento existencialista, Beauvoir procura analisar "a maldição original que constitui, para cada indivíduo, sua coexistência com todos os outros". Um livro bastante pessoal no qual se encontra a percepção de Simone sobre a guerra.



Todos os Homens são Mortais | Tous les Hommes sont Mortels | 1946
Romance de tese, histórico e utópico, o livro conta a história de um homem que, no século XIII, não hesita em beber um elixir da imortalidade para tentar escapar das limitações de sua condição de mortal. Assim, o ambicioso e entusiasta conde Fosca, desafia o tempo e chega até os dias de hoje questionando tópicos inerentes à natureza humana, tais como a ambição, o poder, a imortalidade, o prazer, o destino e a transcendência.



Os Mandarins | Les Mandarins | 1954

Prêmio Goncourt de 1954, este livro assinala na carreira de Simone de Beauvoir seu definitivo engajamento político e literário. Romance existencialista, Os Mandarins apresenta um febril panorama da França entre 1944 e 1948: as repercussões da guerra, a agitação intelectual, a corrupção moral, os dilemas e dúvidas da esquerda e, sobretudo, "o chão coberto de ilusões desmoronadas". Para Beauvoir seu livro não era nem uma autobiografia nem uma reportagem.



As Belas Imagens | Les Belles Images | 1966
O livro aborda um período crítico da vida de Laurence, uma publicitária da alta burguesia aparentemente bem-sucedida que, por uma série de contingências, começa a questionar seus valores. Através do texto, Beauvoir aprofunda uma série de reflexões, levando Laurence a reavaliar a idéia básica que norteou sua vida e que rege toda sua obra: "Querer-se livre é também desejar que os outros sejam livres."


A Mulher Desiludida | La Femme Rompue | 1968

Contadas em forma de diário escrito pelas protagonistas, as 3 histórias do livro [A Idade da Discrição | Monólogo | A Mulher Desiludida] têm como temas a solidão e o fracasso, mas cada qual apresenta um enfoque específico. As mulheres desses relatos não compreendem bem o que lhes está acontecendo, um universo que até então lhes parecia seguro começa a desmoronar e, aturdidas, elas perdem até mesmo a noção de sua própria identidade.


Quando o Espiritual Domina | Quand Prime le Spirituel | 1979
Escrito entre 1935 e 1937 este conjunto de cinco novelas, que interligadas quase constroem um romance, se constitui na primeira obra de Beauvoir — que foi recusada sucessivamente, em 1938, pelas editoras Gallimard e Grasset.
As cinco novelas narram histórias de crise de jovens mulheres: o conflito entre as verdadeiras personalidades dos personagens e o meio em que vivem, repleto de hipocrisia e de preconceitos.



Memórias de uma Moça Bem-Comportada | Mémoires d'une Jeune Fille Rangée | 1958
Compreendendo o período entre 1908 e 1929, este livro dá início ao ciclo memorialístico de Beauvoir. Em sua narrativa, Simone divide com o leitor lembranças de sua infância e juventude, seus estudos, suas amizades com Zaza, Maheu e Sartre. Um livro que revela todas as esperanças de uma jovem até então bem-comportada, burguesa, católica...



A Força da Idade | La Force de l'Age | 1960
Integrando o conjunto de obras dedicadas às suas memórias, este segundo volume compreende um período particularmente fecundo da trajetória de Simone de Beauvoir — os anos de 1929 a 1944 —, constituindo-se num relato de fatos decisivos em sua formação literária, filosófica, política, e delimitando o período áureo do existencialismo. Neste livro, uma vez mais, Beauvoir aguça sua consciência crítica num testemunho essencial a todos os que queiram conhecer melhor as grandezas e misérias de nosso tempo.



A Força das Coisas | La Force des Choses | 1963
A trajetória iniciada em Memórias de uma Moça Bem-Comportada e continuada em A Força da Idade prossegue neste 3º volume autobiográfico. Numa obra em que o sangue circula e a vida brilha, sempre questionada com seriedade, Beauvoir fala de pessoas, livros e filmes que marcaram sua vida; aborda acontecimentos políticos; e faz alguns relatos de viagens, inclusive a que a trouxe, junto com Sartre, ao Brasil. O livro abrange o período entre os anos de 1944 e 1962.



Uma Morte Muito Suave | Une Mort Très Douce | 1964
Beauvoir narra de forma terna e sensível a angústia que envolveu a internação de sua mãe, para tratar inicialmente de uma fratura do fêmur decorrente de uma queda; e, posteriormente, de sua morte, por câncer. O relato descreve os absurdos da existência e se presta igualmente a uma interessante reflexão sobre o papel da medicina no prolongamento da vida artificial de doentes terminais.





Balanço Final | Tout Compte Fait | 1972
Mais um testemunho da coerência e da coragem que tornam Simone de Beauvoir uma escritora exemplar. Desvendando-se a si e à sua vida com uma autenticidade desconcertante, a autora se entrega à livre discussão de suas idéias frente à evolução psicológica, social e política do mundo contemporâneo. Os relatos contidos no livro compreendem o espaço de tempo entre os anos de 1962 a 1972.



A Cerimônia do Adeus | La Cérémonie des Adieux | 1981
Relato dos últimos dez anos da vida de Jean-Paul Sartre, companheiro de Simone por mais de cinqüenta anos, num tom ao mesmo tempo distante e comovente. É o "diário" de bordo de sua longa morte, um livro para se ler dividido entre o horror, a admiração e as lágrimas. No livro também constam uma série de entrevistas feitas com Sartre em agosto e setembro de 1974.





Journal de Guerre | 1990
Editados por Sylvie Le Bon de Beauvoir, estes relatos, que datam do começo da Segunda Guerra (sete cadernos), se constituem apenas num fragmento do diário que Simone mantinha desde sua juventude. É necessário, portanto, considerá-lo como parte de um todo notadamente mais vasto. Sua publicação isolada pode ser observada como um complemento da correspondência de Beauvoir com Sartre. O diário compreende os anos entre 1939 e 1941.





Lettres à Sartre (I e II) | 1990
Dividido em 2 volumes, o primeiro abrange os anos de 1930 a 1939; o segundo volume compreende o período entre 1940 e 1963. As cartas de Simone a Sartre foram dadas como perdidas por ocasião da publicação, em 1983, das cartas escritas por ele. Somente após a morte de Beauvoir, Sylvie Le Bon encontrou o volumoso pacote que as continha. No 1º volume constam as cartas que o casal trocou durante a guerra; no 2º, relatos de viagens e cartas ternas e amorosas.





Cartas a Nelson Algren | Lettres à Nelson Algren | 1997
Organizado por Sylvie Le Bon de Beauvoir, o livro reproduz a correspondência que Simone manteve com o escritor americano Nelson Algren, com quem viveu um complicado caso de amor, que se estenderia por quase vinte anos. O teor das 304 cartas (escritas entre 1947 e 1964) revela, entre muitas outras coisas, como Beauvoir dedicou-se intensamente a essa relação paralela ao seu já polêmico relacionamento com Sartre.





Correspondance Croisée (avec Jacques-Laurent Bost) | 2004
Esta correspondência começa em 1937, quando Beauvoir tinha 29 anos e já vivia com Sartre havia 8 anos. Jacques-Laurent Bost, então com 21 anos, ex-aluno de Sartre, tinha vindo estudar filosofia em Paris. A moral do casal Sartre-Beauvoir pregava a transparência das relações e a liberdade dos corpos. Simone não esconde de Sartre a nova relação que rapidamente estabelece com Bost, um amor que será clandestino em virtude de Olga Kosackiewicz, então namorada dele.




Pyrrhus et Cinéas | 1944
Em seu primeiro ensaio filosófico Beauvoir sustenta que, na ausência de um deus que garanta a moralidade, cabe ao indivíduo criar laços com seus pares através de ações éticas — o que requer projetos capazes de expressar e encorajar a liberdade. Este ensaio foi traduzido e publicado no Brasil, com o título de Pirro e Cinéias, em outro livro: Por uma Moral da Ambigüidade.



Por uma Moral da Ambigüidade | Pour une Morale de l'Ambiguïté | 1947
Com este ensaio Beauvoir tentou fazer o que os adversários do existencialismo julgavam impossível: estabelecer as diretrizes de uma moral existencialista. Simone acreditava que era possível encontrar na liberdade os fundamentos de nossas condutas. Se através de dúvidas e fracassos conseguirmos afirmar concretamente o sentido e o valor da existência, nenhum poder externo prevalecerá contra tal afirmação.



L'Amérique au Jour le Jour | 1947
Ao mesmo tempo ensaio e testemunho, este livro foi escrito depois de uma temporada de quatro meses nos Estados Unidos, em 1947. No relato de Simone de Beauvoir pode-se perceber um desejo pronunciado de descobrir um novo continente, de tudo ver, de tudo conhecer e aprender.





O Segundo Sexo I - Fatos e Mitos | Le Deuxième Sexe (I) | 1949
Lançado numa época em que o termo "feminismo" nem sequer havia sido cunhado, este livro é considerado, hoje, como o marco inicial da prática discursiva da situação feminina. Neste primeiro volume, Simone de Beauvoir aborda os fatos e mitos da condição da mulher numa reflexão apaixonante que interessa a ambos os gêneros humanos.



O Segundo Sexo II - A Experiência Vivida | Le Deuxième Sexe (II) | 1949
Segundo volume do livro que examina a condição feminina em todas as suas dimensões: a sexual, a psicológica, a social e a política. Uma proposta de caminhos que podem levar à libertação não só das mulheres como, sobretudo, dos homens. Complementação de uma obra que, em escala mundial, inaugurou o debate sobre a situação da mulher.



Privilèges | 1955
Uma coletânea contendo três pequenos ensaios: Deve-se Queimar Sade?, O Pensamento de Direita Hoje e Merleau-Ponty e o Pseudo-Sartrismo. Como os privilegiados conseguem pensar em sua própria situação? É a esta e outras questões que Simone tenta responder em seus ensaios. Os privilégios são sempre egoístas e torna-se inviável legitimá-los aos olhos de todos, uma vez que o pensamento sempre visa à universalidade.



Deve-se Queimar Sade? | Faut-il Brûler Sade? | 1955
Uma interessante análise da obra de o Marquês de Sade e de seu fracasso na busca por uma síntese impossível entre duas classes: o racionalismo dos filósofos burgueses e os privilégios da nobreza. Este ensaio foi publicado numa coletânea intitulada Privilèges.
O livro foi traduzido e publicado no Brasil na década de 60 e 70, mas com a extinção da editora responsável pela publicação ele só pode ser encontrado atualmente em sebos.



O Pensamento de Direita, Hoje | La Pensée de Droite, Aujourd'hui | 1955
Neste livro, Simone de Beauvoir, indica e analisa as conceituações e posições ideológicas que constituem o pensamento de direita nas artes, na ética, no jornalismo político e em vários outros campos da cultura e da atividade humana. Este ensaio foi publicado numa coletânea intitulada Privilèges.



A Longa Marcha | La Longue Marche | 1957
Durante uma viagem à China, em 1955, em companhia de Sartre, Beauvoir começa a redigir um longo ensaio no qual tenta desvendar a vida, a sociedade chinesa e, sobretudo, o lugar das mulheres nesta sociedade.
O livro chegou a ser traduzido e publicado no Brasil, mas com a extinção da editora responsável pela publicação ele só pode ser encontrado hoje em dia nos sebos.




Djamila Boupacha | 1962
Testemunho escrito sob encomenda e em parceria com a advogada Gisèle Halimi sobre o caso de Djamila Boupacha, uma argelina de 28 anos, agente da FLN, que, acusada de um atentado a bomba, foi seqüestrada, torturada e violentada com uma garrafa quebrada por militares franceses.





A Velhice | La Vieillesse | 1970
Do tratamento que as sociedades primitivas davam aos idosos até conquistas e problemas existentes nas sociedades atuais, Beauvoir propõe uma mudança radical na sociedade, de forma a desmistificar as hipocrisias que cercam a velhice. Uma obra duramente criticada, mas que alcançou repercussão em todo o mundo, levantando questões e soluções para os idosos.





Les Temps Modernes | 2002
Uma compilação de vários artigos políticos e culturais publicados na revista Les Temps Modernes escritos por Simone, e também por diversos autores tendo como tema a vida e obra de Beauvoir.
Criada em outubro de 1945 por Sartre e Simone, Les Temps Modernes foi durante muitos anos a mais prestigiada revista francesa de nível internacional

domingo, 23 de setembro de 2007

Para Santa Teresa uma Prece




“Como Santa seria inatingível,
à cima estaria dos prazeres,
do belo e da tentação.

Sendo Teresa,
meu olhar estaria umidecido de simplicidade,
minhas mãos seriam servis ao carinho incondicional.

Envolta por este ar tão contrastante,
mas ao mesmo tempo tão agradável,
pude percorrer seus trilhos tranquilamente,
com eles tinha certeza de que chegaria a algum lugar e cheguei.

Embriagada de soberba por ver aos meus pés o mar sereno do Rio e o Cristo de braços abertos, senti concomitante a isso, em minhas veias o correr da humildade do caminho ladrilhado,
logo depois fiquei intrigada com a descontração dos transeuntes que passavam inabaláveis.

Ao ver os arcos encontrei um senhor que há muitos vivia por aquelas bandas, e o questionei:
- Senhor, o que acontece com essa gente, o que fazem para conseguir tanta felicidade, pois sorriem mesmo subindo essa ladeira?
E ele paciente, deu um trago em seu cigarro de palha e ao meio à fumaça me disse meia dúzias de palavras:
- Minha filha, aqui, todos os dias ao amanhecer fazemos uma prece que é mais ou menos assim:
“Deus conceda-nos a nobreza da Santa
e a singeleza de Teresa”

Contente, apagou na sola do pé o cigarro e saiu cantarolando um samba qualquer.”


Presidente Prudente, 23 de setembro de 2007.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Para trazer ao mundo novos poemas

"Caminhando pelas trilhas do passado,
sentindo novamente o perfume das pequenas margaridas

Revisitando as entrelinhas dos nossos dizeres,
das palavras ardentes, às vezes sacanas outras cheias de paixão
encontro um sonho que foi sonhado junto. SIM! Isso foi possível.

E foi possível justamente pela proximidade de alma,
dos astros,
da lua e do sol.

A metafísica nessas horas é bem vinda,
quando não temos respostas,
a inventamos.

Os rascunhos e os rabiscos que tanto nos acompanharam
Estão aí, pulsando, querendo nascer
E o desfecho deste conto,
deste poema inacabado,
cabe à nós,
a mim e à ti...

Abandonemos mais uma vez o peso da realidade, a racionalidade
e mais um montão de "ade"
Pois, enquanto essas ainda existirem,
as rosas não desabrocharão,
calar-se-ão os gritos,
e os sussurros das confissões dos pequenos prazeres não serão mais ouvidos"


P.P., 20 de setembro de 2007.

domingo, 16 de setembro de 2007

Egoísta a solução?

"Ah, pelo menos eu já entrara a tal ponto na natureza da barata que já não queria fazer nada por ela. Estava me libertando de minha moralidade, e isso era uma catástrofe sem fragor e sem tragédia.
A moralidade. Seria simplório pensar que o problema moral em relação aos outros consiste em agir como se deveria agir, e o problema moral consigo mesmo é conseguir sentir o que se deveria sentir? Sou moral à medida que faço o que devo, e sinto como deveria? De repente a questão moral me parecia não apenas esmagadora, como extremamente mesquinha. O problema moral, para que nos ajustássemos a ele, deveria ser simultaneamente menos exigente e maior. Pois como ideal é ao mesmo tempo pequeno e inatingível. Pequeno, se se atinge; inatingível, porque nem ao menos se atinge."

Clarice Lispector - A Paixão Segundo G.H.




Há tempos venho refletindo sobre o fazer o que se quer sem se preocupar com a conveniência ou não de seu gesto. Muitas vezes me vejo em situações em que eu não desejava fazer algo, e acabo fazendo ou por se conveniente ou por não querer magoar outrem. É nessa contradição que acabo me aborrecendo. Fazer o que não se quer é uma violência, é um abuso, e o pior é contra nós mesmos. Por outro lado, fazer o que queremos sem se preocupar com os outros, parece ser de um egoísmo sem tamanho, bem característico do individualismo extremado conseqüente do sistema capitalista. Como conviver com esse paradoxo?
É difícil. Tenho exercitado o meu "eu" mais egoísta, mais egocêntrico, visto que, nesses 22 anos de existência o meu lado altruísta prevaleceu sem eu me dar conta disso. Essa reflexão veio com a necessidade de se viver uma vida mais prazerosa. E da reflexão para o ato levou algum tempo. Confesso que hoje, com o meu olhar mais introspectivo, e com minha fidelidade aos meus desejos, estou muito mais satisfeita e bem mais feliz.


"Ser bom é estar em harmonia consigo mesmo. (...) A discordância está no sermos forçados a viver em harmonia com os outros. A nossa vida: eis o que importa. A vida dos nossos semelhantes... quem quiser dar-se ares de pedante ou de moralista, poderá julgá-los pelos seus critérios morais; mas a vida alheia não é da nossa conta. Além disso, o individualismo tem realmente a finalidade mais alta. "
Oscar Wilde - "O Retrato de Dorian Gray"

domingo, 9 de setembro de 2007

SANEAMENTO BÁSICO, O FILME






"A comunidade da Linha Cristal, uma pequena vila de descendentes de colonos italianos na Serra Gaúcha, reúne-se para tomar providências sobre a construção de uma fossa para o tratamento do esgoto da vila. Os moradores resolvem fazer um vídeo de ficção, ambientado nas obras de construção de uma fossa, com o único objetivo de usar a verba para as obras."


Amigos Meus,
fica aí uma imposição, é gente, imposição:
ASSISTAM ESTE FILME...
Encantador.
Todos os personagens se destacam, cada um tem seu momento de glória.
Lindo por tratar com tamanha delicadeza a simplicidade, a ingenuidade das pessoas.

"O que é mesmo ficção???
Quimera?"

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Cotidiano

Abandonei por um tempo o meu canto,
esse canto,
mas não minha canção.

Abandonei a lástima,
e também a dor,
e sem dor é difícil rimar.

Deixei as paixões,
os ladrões,
e a política também.

Resolvi levar vida de esportista,
disciplinada,
e nada animada.

Hoje acordo cedo,
tomo um café amargo,
e saio de madrugada.

Durmo tarde,
acho interessante os livros de direito,
e discuto amenidades.

Nossa...
como estou chata!