domingo, 21 de março de 2010

Arremesso de palavras...


Penso em meus amigos com saudade
ao mesmo tempo sinto-me feliz,
não por isso, absolutamente, 
mas por hoje ver o céu lindo, o espaço, aspiro...

Não corro mais, me concentro
Meu tempo não se pauta no fluxo da cidade
Sou eu a transitar por entre suas ruas
Na bainha de suas saias

Sinto falta da boca doce
dos beijos tais, 
das mãos afoitas
da despedida que não tivemos

Mudei, mudamos
amizade d’outrora
reinventada no tambor dos blocos paulistanos
desfecho inesperado, a principio desconcertante

Conheço-te bem,
e você a mim mais ainda
sabes de meus versos diabéticos, piscianos
sei de sua palavra ordenada, de seus mandamentos e posse irremediável

Não creio que me apaixonei, não creio também no contrário
sei que já existia o amor fraterno e
hoje apenas desejo seus olhos pedintes/sacanas
sua voz rouca, seu colo quente

Sua força me privando
Atando meu corpo
Me contrariando
Por não poder te tocar, apenas ser tocada

Em suma,
saudades e mais saudades
dos amigos
e das amizades amantes

Sinto falta dos outros amantes
que se resumiam 
na condição de simples amantes
não amados

Dos ex-amores
que não vingaram, mas que foram
e que por serem ex amores
permiti que por um tempo ainda transitassem em mim

Isso, esses, essas
ficaram
la estão
distantes e próximas de um aceno

Agora me permito falar do presente
Me engano e me divirto ou melhor me distraio
Recorro-me das palavras de Cazuza:
“o teu amor e uma mentira que a minha vaidade quer”

Cara cara quando vejo
aqueles gestos repetidos
percebo o quanto 
reparo naquelas singularidades

Me pego tentando descobrir
tateando por entre palavras
tocando absurdos
criando mundos

Só desejo,
talvez possuir
um dia conhecer
e quem sabe amanhecer

Me recordar um dia
das horas gastas, suadas
da voz sussurrada
costas molhadas

Da confidencia
dos segredos
teimosia
dos beijos estremecidos.

Neste instante, 
no cortar da madrugada
o samba de João Nogueira
o pensamento solto o e a necessidade de registrá-lo

Atiro palavras
como se jogasse pedrinhas no rio
esperando
que elas saltitem sobre água

Cruzo a garoa paulistana
com o céu de Brasilia
talvez dessa fusão que teci
brote o melhor

Um chorinho
com pitadas de rock retro
Meus passos rápidos no tom de Sampa Caetanesca
com meus passos contempladores das curvas de Niemeyer

Meus pés sem terra
De raiz adaptável em qualquer chão
Agora pede parada, pouso, um
teto, gato, cachorro e outros pés para roçar la pelas 4 da matina.

Obs.: o teclado esta desconfigurado.