sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O "super ego" no Tribunal do Juri...

Embriagada pela liberdade de Simone, que deixa em crise minhas crenças e minha existência, eu conversava com Kamila sobre uma das passagens do livro “A força da Idade”. Como outras afinidades que nos aproxima, concordávamos com Simone que via com desconfiança e discordância as palavras de Cocteau que dizia:

“O poeta deve ignorar o século, permanecer indiferente às loucuras da guerra e da política: eles nos chateiam.”

Nesse sentido Kamila dizia que em nossa vida precisamos de emoções para “quebrar o silêncio”. Não dá para distancia-la da realidade como pretende Cocteau. Achei interessante sua colocação e resolvi escrever esse texto logo mais baixo.


“Na vida já ditada
Onde os caminhos foram trilhados
O passo perde a razão
Como é que se vive sem emoção?

Da esperança e do medo
De um futuro obscuro
Faço um filho e movo o mundo
Com maestria e canção

Deixo lá o meu lamento
Trago cá o instrumento
Que faz da vida
Uma apresentação

Quero a inquietude dos 20 e poucos anos
E me surpreender com seu grito rouco, louco
Que me quebras o silêncio
Nessa noite em solidão”


Termino esse texto com uma confissão e promessa.
Confesso que quando pensei em ter um blogger, este me serviria para não discutir as coisas sérias, pois a realidade já me bastava em amarguras. Iria aqui apenas apresentar os retratos de minha vida diária, ligada apenas aos meus conflitos pessoais, íntimos e que eu achava que merecia certo destaque. Era uma forma de refletir (meu divã) e compartilhar com quem quer que fosse esses pensamentos, além de exercitar a escrita. E hoje vejo que minhas contradições estão ligadas em boa parte com as contradições da sociedade e dessa não tenho como fugir ou omitir seus pré-conceitos e opressões, deixando de olha-la criticamente. Assim, pretendo não mais refugiar-me na minha interioridade, quero relaciona-las com o tempo em que vivo. E a promessa consiste em fazer isso nos próximos textos. Isso não quer dizer que abandonarei o sentimentalismo, mas sim, que o aproximarei das coisas mundanas.

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