sexta-feira, 18 de abril de 2008

Uma menina, um violão. (por Toninho Gomes)



"Quando tive notícias que o Pontal estaria em revolução, era início de abril, eis que chega de manhã e de mansinho em nossa casa, Paloma e seu violão.Tinha muita alegria em sua fisionomia, tinha dores fortes no abdômen, tinha saudades para matar, tinha vontade de cantar, queria extravasar, queria falar de amor, queria falar da vida, falar de um mundo livre, falar de paz e de solidariedade.Falou pouco, doía muito.Mesmo assim não esqueceu do presente do pai, trazia na bagagem, DVD de Oswaldo Montenegro, nele falava tudo que Paloma e eu queríamos falar, falava de amor, do ser livre, do mundo livre sem amarras e sem preconceitos, na essência falava de Paloma, pois PALOMA É AMOR PURO.
Paloma até hoje não cantou. Ontem enquanto aguardava os médicos atendê-la, por duas vezes visitei seu quarto, lá estava o violão, calado num canto, sem som, sem vida. Estava também sua fotografia, empunhava uma carabina e apontava para a frente, talvez quisesse naquele ato apontar para o MUNDO LIVRE QUE SONHAMOS.

TE AMO MUITO MINHA LINDA

PAI, PAI, PAI."

(Obs: sinto e creio que palavras tão íntimas deveriam ficar trancafiadas em mim. O que elas me causam e de onde vem é intocável, inalcansável...
Porém, a beleza da escrita se impõe, bem como, a insistência de meu pai em apresentá-las ao mundo. Pois bem, aqui está... rs... que fique registrado, elas são minhas, só minhas e de mais ninguém)